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Câmara dos EUA aprova corte de emissões de CO2

OESP, Vida, p. A27
27 de Jun de 2009

Câmara dos EUA aprova corte de emissões de CO2
Projeto ainda será votado no Senado; texto institui 'tarifa verde' a partir de 2020 sobre importações de países que não adotarem metas similares

Patrícia Campos Mello

A Câmara dos EUA aprovou ontem à noite por 219 votos contra 212 contrários uma lei climática que estabelece limites para emissões de gases causadores do efeito estufa e um mercado de créditos de carbono. A aprovação da lei na Câmara foi uma grande vitória para o presidente Barack Obama, que defende as medidas para limitar o aquecimento global e reduzir a dependência americana do petróleo importado. De acordo com a proposta aprovada na Câmara, que ainda precisa passar pelo Senado para se tornar lei, os EUA se comprometem a reduzir em 17% as emissões até 2020 e 83% até 2050, em relação aos níveis de 2005.

É a primeira vez que o Legislativo dos EUA aprova uma lei para reduzir os gases-estufa. A Lei de Energia Limpa e Segurança da América, de 1.200 páginas, estabelece que, até 2020, 15% da eletricidade do país precisa vir de fontes renováveis como energia solar e eólica.

Para aliviar os custos da lei para indústrias americanas, inicialmente serão leiloados 85% dos créditos de carbono. A medida foi criticada por ambientalistas, mas era a única forma de conseguir apoio de legisladores de Estados produtores de carvão. Também foram inseridas concessões para agricultores e produtores de etanol de milho.

Entrou no texto a "tarifa verde" sobre produtos importados de países que não adotam limites nas emissões de gases-estufa semelhantes aos adotados pelos EUA. Segundo a proposta, exportadores de produtos de indústrias intensivas em tecnologia ou muito expostas ao comércio internacional terão de adquirir créditos de carbono para vender seus produtos nos EUA, o que equivale a um imposto, caso não tenham assinado tratados de limitação de emissões até 2018. Essas barreiras passam a valer em 2020.

A medida seria uma forma de proteger a competitividade das empresas americanas que vão ter que limitar suas emissões de poluentes e participar do mercado de créditos de carbono.

"A lei é boa porque traz os EUA de volta para o multilateralismo na questão climática", diz Diego Bonomo, diretor-executivo do Brazil Industries Coalition, que representa a indústria brasileira nos EUA.

"Mas ao instituir esse custo sobre produtos importados, os EUA tentam transferir para outros países o passivo ambiental histórico deles, e passar os custos de um grave problema de matriz energética e de adaptação do parque industrial para alguns países emergentes que não têm esses problemas."

OESP, 27/06/2009, Vida, p. A27

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