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Cabeça na guilhotina

Brasil Norte-Boa Vista-RR
21 de Fev de 2003

"Ele não serve para comandar essa entidade". Assim, no seco, se propnunciou ontem à coluna o deputado federal Chico Rodrigues (PFL) a respoeito do presidente da Funai, Eduardo Almeida. "Ao pregar restrição à presença militar na faixa de fronteira, ele se opõe a sua cidadania de brasileiro", diz, irritado com as últimas declarações de Almeida.
Segundo Chico ao propor que o decreto 4112 - prevendo a ação das Forças Armadas em áreas indígenas - fosse revogado, Eduardo Almeida deveria ser repreendido pelo presidente Lula, pois é uma medida descabida que só vai afetar mais ainda o plano de ocupação ordenada que o Governo empreende para as fronteiras brasileiras há anos.
"O presidente da Funai assumiu uma atitude irresponsável. Para chegar ao ponto de fazer tais declarações, entendo que seja desqualificado e despreparado para o cargo que ocupa. Afinal, a importância constitucional das Forças Armadas em nosso país é inquestionável, indiscutível", disse.
Chico Rodrigues declarou que na próxima semana pedirá a exoneração do presidente da Funai. "Vou mostrar ao governo do PT - que tem um segmento altamente qualificado - que ele deve indicar e manter alguém no cargo que esteja em sintonia com o sentimento do presidente Lula. Acredito que o presidente da Funai não esteja alinhado com este pensamento. Não queremos exclusão e sim a comunhão entre todos os segmentos da sociedade brasileira, índios e não índios", prosseguiu.

Fronteiras já estão 'vivas'
Dionito José de Souza Macuxi, que mora na área indígena da Raposa Serra do Sol, estava satisfeito por ter a oportunidade de colocar para os militares, numa reunião anteontem em Manaus, os problemas que seu povo enfrenta todos os dias.
No entanto, ele disse ter ficado triste porque a proposta de retirada da base militar da aldeia Uiramutã não foi recebida com entusiasmo pelos militares.
"Nós não vemos motivos para o exército entrar lá. A gente está vendo que essa é uma estratégia para não homologar nossa terra. Passamos sofrimento com garimpeiros, fazendeiros, políticos e agora vem o exército", disse Dionito.
Segundo ele, o argumento de que a construção de base na aldeia é uma questão de defesa não convence os índios. "Quando disseram que querem vivificar as áreas de fronteira, nós ficamos chateados porque parece que a gente não serve para nada. Nós, povos indígenas, estamos lá, também sabemos vigiar as fronteiras".

Questão fundiária
Os deputados estaduais encontraram um foco propicio de discussão diária: a questão fundiária.
E pela forma como o tema é abordado, a situação é preocupante.
Há parlamentar pregando inclusive um enfrentamento de idéias com o Governo Federal. "Não podemos mais ficar de braços cruzados espiando o bonde passar", arremata Sérgio ferreira (PPS).

Bom som
Gute Brasil (PSB) disse que a voz tem que ser levantada em alto som para que Brasília se faça ouvir sem ruídos.
"Roraima tem que mostrar sua força política", asseverou.
Gute apoia a iniciativa do senador Mozarildo Cavalcanti que mostra um caminho a ser seguido para a melhor solução desse impasse de demarcações indígenas que acontecem pelo Brasil afora e em especial a Roraima.
- O senador está de parabéns pela sua atuação.

Do meio
O presidente da Funai, Eduardo Almeida, será rígido na escolha de dirigentes regionais.
O critério que ele considera fundamental na escolha dos administradores regionais é que a indicação parta das próprias lideranças indígenas.
Ele disse que não há nome de consenso para o Amazonas, mas os índios não podem deixar de apontar suas preferências.

Dente por dente
Envolvida em altercações, rixas e disputas de terras, o município Pacaraima está de novamente encrespado.
Sofredo crise no abastecimento de água, não consegue recolher o 'liquido preciso' em um igarapé, localizado em terra indígena.
A proibição partiu das lideranças aculturadas da região, eleitores e cidadãos de Pacaraima.
Se for considerada essa profusão ideológica, mais tarde não será surpresa se os indígenas forem proibidos de entrar em Boa Vista. Aliás, essa é uma hipótese a ser pensada. Porque se não permitem o branco usufruir de recursos naturais lá existentes, então que haja retaliação na mesma proporção.

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