VOLTAR

Brasil quer evitar atrito com Bolívia

OESP, Economia, p. B5
25 de Jul de 2007

Brasil quer evitar atrito com Bolívia
Governo brasileiro contornará conflito na reunião de técnicos dos dois países sobre as usinas do rio Madeira

Denise Chrispim Marin

O governo brasileiro despejará sobre uma missão da Bolívia, no próximo dia 30, em Brasília, toda argumentação ambiental para evitar que a construção das duas hidrelétricas no Rio Madeira, em Rondônia, torne-se mais um ponto de conflito nas relações bilaterais.

O encontro entre técnicos dos dois países se dará no Itamaraty e reunirá autoridades das áreas energética e ambientalista, como informou uma fonte da diplomacia.

A equipe econômica quer anular as reações bolivianas contra esses projetos, atenta à possibilidade de o Brasil levantar uma usina binacional na fronteira e cooperar para a construção de outra, em território da Bolívia.

Dentro do governo boliviano, as principais críticas à construção das usinas partem de um grupo liderado pelo chanceler David Choquehuanca, afinado a organizações ambientais.

Envolvido nos conflitos políticos da Assembléia Constituinte que convocou neste ano, o presidente Evo Morales continua 'em cima do muro' quando o assunto é a construção das usinas.

Pragmático, deverá pender para o lado que lhe proporcionar mais votos nas eleições gerais de 2008, avaliam observadores brasileiros.

GÁS

Entre hoje e amanhã, em La Paz, o governo brasileiro observará a assinatura do contrato final de fornecimento de gás natural boliviano à Termocuiabá com a expectativa de ver esse antigo foco de conflito devidamente extinto. O contrato será assinado pela estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales de Bolívia (YPFB) com a TBS Bolivia, de capital inglês, proprietária do gasoduto que transporta o gás para a Termocuiabá.

Apesar de manter o preço em US$ 4,20 por milhão de metros cúbicos, como consta do acordo entre os dois governos de fevereiro, o contrato final prevê a redução pela metade no volume de gás a ser despachado para Cuiabá - de 2,2 milhões de metros cúbicos diários para 1,1 milhão de metros cúbicos - até 2010. O preço é hoje maior que o cobrado nas exportações da YPFB para a Petrobrás.

A redução do volume de gás para a Termocuiabá é reflexo direto do risco político para os investimentos estrangeiros na exploração do gás na Bolívia. As ameaças de Evo Morales de cassar a concessão de empresas que não acelerarem seus planos de aumento da exploração caíram no vazio. Evo não encontra companhias dispostas a assumir as concessões que venham a ser perdidas pelas suas concorrentes.

'Morales impôs condições leoninas para as empresas exploradoras', afirmou um observador do governo brasileiro. 'A participação do governo nessas atividades só é justificável em países com reservas enormes de hidrocarbonetos e onde os riscos políticos e geológicos são pequenos. Esse não é o caso da Bolívia', completou.

La Paz ameniza críticas

Reuters

A Bolívia não se opõe à decisão do Brasil de construir duas grandes usinas no Rio Madeira e acredita que suas preocupações relacionadas ao meio ambiente podem ser resolvidas em um tratado energético binacional. As informações são do chanceler boliviano, David Choquehuanca.

Em relatório enviado ao Senado de seu país, Choquehuanca disse que o governo Evo Morales considera possível equilibrar políticas ecológicas e o uso de grandes recursos hídricos. Ele insistiu, no entanto, em que o Brasil não completou os estudos de impacto ambiental das usinas de Jirau e Santo Antônio.

OESP, 25/07/2007, Economia, p. B5

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.