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Bichos novos no Zôo

CB, Cidades, p. 30
11 de Jul de 2006

Bichos novos no Zôo
A partir da próxima semana, o visitante poderá admirar a beleza de mais de 16 espécies

Isabel Fleck
Da equipe do Correio

O Jardim Zoológico de Brasília é o novo lar para 62 animais comuns nas matas do Norte e Nordeste. Macacos, micos e vários tipos de aves compõem a fauna brasileira dessa região e que poderá ser apreciada pelos visitantes a partir da próxima semana. Os bichos vieram do Criadouro Conservacionista Ararajuba do Ipê, em Santa Inês, no Maranhão, e 16 deles são novidade no zôo, que já reúne 1,3 mil animais. Em 2006, o zoológico já recebeu mais de 80 bichos, sendo 25 de novas espécies.

Muitos dos habitantes que chegam são animais salvos do tráfico, como os sete apreendidos na última semana no Acre pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Mais 27 virão do zoológico de Goiânia. Santa Inês fica a 300km de São Luís. São 30 horas de viagem até Brasília.
Depois do longo percurso, a bicharada precisa agora descansar e se adaptar ao clima frio e à baixa umidade na capital nesta época do ano. "Eles vieram de um lugar bem mais quente, por isso tiveram que passar toda a noite dentro do prédio da veterinária. Terão que se acostumar aos poucos", explica a diretora de Conservação e Pesquisa do Zoológico, Tânia Junqueira Borges.

Além das condições climáticas, alguns animais também terão de se adaptar à convivência com os demais bichos. É o caso dos macacos barrigudos, que vieram separados durante toda a viagem e agora têm a aproximação acompanhada de perto pelos veterinários do zôo para evitar brigas.

Durante o período de adaptação, os 62 animais também passam por exames para avaliar o estado de saúde. Só depois seguem para os cativeiros. As amostras de sangue, fezes e urina são analisadas no próprio laboratório do zoológico e o resultado sai, no máximo, em duas semanas. Apenas os testes para confirmar o sexo de alguns bichos será feito em um centro do Paraná. "Há espécies em que não há diferença física entre machos e fêmeas. Enviamos então uma gota de sangue para o laboratório, que examina o DNA. Sabemos o resultado em até 30 dias", detalha Tânia. Dentre os bichos novatos, 53 são aves e nove são mamíferos, entre macacos e micos. Alguns deles, como o mico-leão-cara-dourada e a araraazul, estão ameaçados de extinção.

Outros, como o mico-de-cheiro e o cancan, são espécies que não existiam nos viveiros. Os animais vieram por meio de uma troca com o criadouro do Maranhão. Ainda esta semana, serão levadas uma zebra, dois cervídios (veados), um papagaio-do-Senegal e três mutuns (ave de caça)."As transferências de animais só podem ser feitas se o animal fizer parte do plano de coleção do zoológico ou da reserva. É esse plano que determina as espécies que o espaço tem ou pretende ter", afirma a diretora.

Para o Ibama aceitar a troca de animais são necessários um recinto próprio para cada tipo de bicho e uma justificativa apropriada. "Um zoológico não pode simplesmente permutar um animal porque não gostou. As trocas são feitas para pareamento (formar casais) ou para evitar cruzamentos entre consangüíneos (com parentesco de sangue)."

Na próxima semana, seguem nove animais para o zoológico de Goiânia. Entre eles, um veado, um macaco babuíno- verde e alguns pássaros. No mesmo dia, virão da capital goiana 27 bichos, entre periquitos, papagaios e uma serpente piriquitambóia. Segundo Tânia, as trocas só têm a acrescentar à fauna da região. "Estamos cumprindo os nossos quatro princípios básicos: conservação, pesquisa, educação e lazer. Conservação e pesquisa ao receber novas espécies. Educação e lazer ao permitir que a população de Brasília conheça esses animais", explica.

SAUIM (SAGUINUS MIDAS NIGER)
Quantos vieram:2 (1 macho e 1 fêmea)
Regiões de origem:Amazonas e Pará
Curiosidade:Tem agilidade muito semelhante aos sagüis.
Fisicamente, se parecem com morcegos por causa das orelhas

PIPIRA-PRETA (TACHYPHONUS RUFUS)
Quantos vieram:3 (sexos a definir)
Regiões de origem:Nordeste,Amapá,Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo. Encontrada também na Costa Rica,Panamá,Colômbia,Venezuela,Guianas e Peru
Curiosidade:Vive quase sempre aos pares,em vegetação rasteira. Como gosta de umidade,está sempre próxima a lagos e rios. Raramente forma bandos

MICO-DE-CHEIRO (SAIMIRI BOLIVIENSIS)
Quantos vieram:1 fêmea
Regiões de origem:Região Amazônica
Curiosidade: Espécie muito dócil e uma das mais procuradas como animais de estimação,até para pesquisas biomédicas. Seu pêlo tem várias tonalidades

MACACO-DA-NOITE (AOTUS INFULATUS)
Quantos vieram:3 (1 casal e 1 a definir)
Regiões de origem:Amazonas e Pará
Curiosidade:São os únicos macacos de hábitos noturnos.
Durante o dia, ficam a maior parte do tempo com os olhos fechados

MACACO-CAIARARA (CEBUS ALBIFRONS)
Quantos vieram:3 (1 macho e 2 fêmeas)
Regiões de origem:Nordeste do Brasil,
Colômbia,Bolívia e Peru
Curiosidade:Extremamente inteligente e curioso, esse tipo de macaco tem movimentos ágeis e apanha facilmente qualquer comida que esteja à mão

CANCAN OU CANCÃ (CYANOCORAX CYANOPOGON)
Quantos vieram:3 (sexos a definir)
Regiões de origem:Sudeste do Pará,Maranhão,Ceará,
Goiás,leste do Mato Grosso,Minas Gerais e Bahia
Curiosidade:Conhecido como a "voz da caatinga", o barulhento pássaro avisa outras aves quando descobre qualquer coisa estranha na mata

CB, 11/07/2006 , Cidades, p. 30

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