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Associação diz que narrativa preconceituosa é combustível para ações contra índios

G1 / https://g1.globo.com
Autor: Matheus Leitão
29 de Jul de 2019

A denúncia de invasão de garimpeiros em terras indígenas do povo Waiãpi, no oeste do Amapá, e a morte de um índio da etnia confirmada pela Fundação Nacional do Índio (Funai), repercutiram nos principais órgãos independentes e instituições ligadas aos direitos dos índios no Brasil.

Em nota, a Associação Brasileira de Antropologia (ABA) afirmou que a narrativa preconceituosa de autoridades governamentais tem sido um combustível a mais para a execução de ações criminosas em terras indígenas brasileiras.

"Não há como dissociar a escalada desta violência das declarações de membros do atual governo federal, em particular, do próprio presidente da República, que de maneira inadequada e infeliz, muitas vezes em tom de ironia e sarcasmo, insiste em desqualificar tanto os povos indígenas quanto aqueles e aquelas que com eles trabalham e defendem seus direitos", enfatiza a nota.

Nesta segunda-feira (29), ao comentar a tensão registrada no Amapá, o presidente disse que, até o momento, não teve "nenhum indício forte" de que o indígena foi assassinado.

"Nesse caso agora aqui, as informações até o momento, vou atualizar de manhã, não tem ainda nenhum indício forte de que ese índio foi assassinado lá agora. Chegaram várias possibilidades. A PF está lá, quem nós pudermos mandar para lá já mandamos para buscar desvendar o caso e buscar a verdade sobre isso aí", afirmou o presidente.

Bolsonaro disse, ainda, que tem a "intenção" de legalizar o garimpo no país, plano que incluí a liberação da atividade em terras indígenas.

Segundo o presidente, ONGs e outros países (ele não deu exemplos) são contrários, pois desejam ver os indígenas presos em um "zoológico", como se fosse um "animal pré-histórico".

Na nota divulgada, os membros da ABA pedem um basta nas "declarações desqualificantes e, por diversas vezes, caluniosas de autoridades governamentais" sobre os índios e sobre os profissionais que atuam na defesa desses povos e territórios.

"Este tipo de narrativa preconceituosa e inapropriada de autoridades governamentais tem sido combustível eficaz para a execução de ações criminosas contra tais povos e seus territórios", escreve a entidade.

Além disso, a instituição exige "rigorosa apuração" da morte do índio Emyra Waiãpi, de 62 anos, e a "prisão exemplar dos assassinos".

A invasão das terras do povo Wajãpi e a morte do indígena estão sendo investigadas pelo Ministério Público Federal do Amapá (MPF).

https://g1.globo.com/politica/blog/matheus-leitao/post/2019/07/29/assoc…

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