OESP, Metrópole, p. C4
23 de Set de 2008
Área prevista para parque é soterrada por areia e entulho
No Morumbi, 100 mil m³ de detritos seriam de obras na vizinhança
Diego Zanchetta
Uma área pública municipal de 22 mil metros quadrados, onde está prevista a implantação do Parque Linear Sérgio Vieira de Melo, no Morumbi, zona sul de São Paulo, foi soterrada por 100 mil metros cúbicos de areia e entulho. Ao lado do parque, serão construídas três torres de oito andares cada uma pela Ecosfera Empreendimentos Sustentáveis, incorporadora que recebeu intimação na sexta-feira da Subprefeitura do Butantã. A construtora nega ter despejado areia no terreno e diz não ter iniciado as obras. A Assessoria de Imprensa da Ecosfera informou ter apenas um stand de vendas próximo ao local invadido.
Outros empreendimentos estão em construção no Alto do Morumbi e também são suspeitos de terem usado a área do parque para despejar material. Após protestos de moradores vizinhos, fiscais da subprefeitura foram ao local no fim da semana passada e providenciaram a interdição do espaço municipal usado para a movimentação de terras. Segundo informou a Secretaria Municipal do Verde, houve "o soterramento de vários exemplares arbóreos".
Um problema que agentes do Verde também constataram no local invadido foram afloramentos de água, "possivelmente de nascentes", segundo a pasta. A suspeita é de que construtoras também faziam captação irregular de água no terreno. O governo municipal informou ter solicitado à Ecosfera, "em caráter de urgência", documentação e um relatório técnico sobre a ação no terreno. A pasta diz ainda que vai fazer a demarcação da área pública.
O bairro fica no entorno de um dos poucos fragmentos urbanos de mata atlântica que restaram na capital paulista. O Parque Linear Sérgio Vieira de Melo, em homenagem ao diplomata brasileiro morto no Iraque, em 2003, é citado pela gestão Kassab como um dos 11 parques em implantação na zona oeste, cuja área total vai somar 649.210 m².
Até agora, porém, só a praça do parque está pronta. O projeto ainda deve demorar para sair do papel, por causa da necessidade de remoção da terra. O parque está previsto para ficar pronto em 2009. "É um absurdo os caminhões de uma construtora entrarem na área que seria o parque e deixarem terra estocada lá. Fizeram do terreno da Prefeitura uma extensão do canteiro de obras", denunciou um vizinho do local.
A Ecosfera, por meio nota oficial, negou ter invadido o terreno. "Existe sim uma movimentação de terra no terreno vizinho", informou a assessoria. "A Ecoesfera está ciente da autuação, e já está em contato com subprefeitura para prestar esclarecimentos."
OESP, 23/09/2008, Metrópole, p. C4
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