VOLTAR

Aposta para evitar rodízio de água em SP agora precisa de nova obra

FSP, Cotidiano, p. B4
27 de Out de 2015

Aposta para evitar rodízio de água em SP agora precisa de nova obra

FABRÍCIO LOBEL
DE SÃO PAULO

Recém-inaugurada às pressas pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), a interligação entre dois reservatórios que é a principal aposta para evitar um rodízio de água na Grande SP agora precisa de uma outra obra para funcionar como o prometido.
Essa interligação, por meio de 9 km de adutoras e ao custo de R$ 130 milhões, inicialmente estava prometida para maio, mas entregue no final do mês passado. Ela leva água do cheio sistema Rio Grande (braço da represa Billings) para o quase seco Alto Tietê, manancial ao leste da capital.
A promessa é que 4.000 litros de água por segundo fossem de um sistema ao outro por meio dessa tubulação. O problema é que a força da água atropelou as projeções iniciais do governo.
A água chega com força pelas adutoras e é despejada em um córrego do sistema Alto Tietê. Inicialmente, o governo limpou esse pequeno rio, tirou o mato e ampliou as margens. Mas não foi suficiente.
Após as bombas serem ligadas (que chegaram apenas a 50% de sua potência), as margens não aguentaram e começaram a ceder, caindo dentro do curso da água. Isso provocou um alagamento de uma rua no município de Ribeirão Pires (Grande São Paulo).
Além do transbordamento, a água fez com que a Defesa Civil da cidade interditasse três estabelecimentos. Entre eles, está a casa de Romana Martins, 19. "Nos disseram que não podemos mais andar pelo corredor de fora da casa, nem usar o jardim. Estamos com medo."
Desde a inundação, a Sabesp (empresa de água do Estado) teve que reduzir o bombeamento de água para até 1.000 litros/segundo, bem abaixo dos 4.000 litros/segundos prometidos por Alckmin.
Agora, para que o bombeamento possa voltar ao ritmo prometido, será preciso refazer uma estrutura onde a água desemboca -entre a tubulação e o córrego.
Conhecida como caixa de dissipação, a estrutura que lembra uma escada serve para diminuir a força da água. Para engenheiros do Departamento de Águas e Energia (Daee), vinculado ao governo Estadual, essa caixa não teve o resultado esperado.
Além disso, serão construídas paredes com pedras ao longo do curso do córrego, por cerca de 200 metros. O objetivo é reforçar a margem, para evitar que terra caia no leito. Com as novas intervenções, a interligação funcionará plenamente só em 35 dias, segundo estima o governo.
O Daee não soube informar os custos das novas intervenções no córrego. Em entrevista em março, o secretário Benedito Braga (Recursos Hídricos) havia dito à Folha que o córrego seria capaz de aguentar essa água.
Para os técnicos do governo, já era esperado que uma grande obra hidráulica tivesse um período de adaptações e correções de defeitos. Ainda segundo o Estado, essa é uma obra que, apesar de efeitos emergenciais, têm também efeitos de médio prazo.
Além de abastecer diretamente o Alto Tietê, essa obra pode beneficiar também o sistema Cantareira. A água excedente será empurrada por meio da rede de abastecimento para residências das zonas norte e leste da capital.

FSP, 27/10/2015, Cotidiano, p. B4

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/10/1698939-principal-obra-p…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.