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Após 30 anos de trabalho, diminui o risco de extinção dos micos-leões: espécie passa para uma categoria de menor ameaça em lista mundial

O Globo, Rio, p. 22
19 de Nov de 2003

Após 30 anos de trabalho, diminui o risco de extinção dos micos-leões

Paulo Roberto Araújo

A luta iniciada há 30 anos para preservar o mico-leão-dourado começou a dar bons resultados. O animal, que tem seu único habitat na Mata Atlântica de baixada costeira na bacia do Rio São João (Silva Jardim e Casimiro de Abreu) e na Região dos Lagos, passou para uma categoria de menor ameaça na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Na lista, divulgada ontem, a espécie passou de criticamente ameaçada para ameaçada.

População de micos precisa chegar a dois mil

Há 30 anos, existiam apenas 70 animais. Hoje eles já são 1.200, mas a população precisa chegar a dois mil micos para sair da lista vermelha de animais sob risco de extinção. O mico-leão foi a única espécie de primata que conseguiu passar para uma categoria de menor ameaça na nova lista vermelha. O programa de preservação é feito pelo Ibama e pela Associação do Mico-Leão Dourado (AMLD), com apoio da ONG WWF e da Fundação Roberto Marinho.

- É essencial que vejamos esta mudança de status como uma conquista em nome da preservação do mico, mas também como um passo adiante em relação à conservação ambiental da Mata Atlântica. Somente por meio do aumento de superfície florestal será possível garantir a sobrevivência dos micos e demais animais, dos rios, da flora e do próprio homem - disse a coordenadora do Programa Mata Atlântica do WWF-Brasil, Helena Maltez.

O Programa de Conservação do Mico-Leão-Dourado é o primeiro e mais antigo projeto apoiado pelo WWF no Brasil, sendo executado pela AMLD, criada para coordenar todos os trabalhos de conservação da espécie. Para que o primata saia da lista de espécies em extinção, é preciso aumentar a área de proteção dos 17 mil hectares atuais para 25 mil hectares de Mata Atlântica contínua na região, até o ano 2025.

Para diretor de reserva, perigo ainda não passou

O chefe da Reserva Biológica de Poço das Antas, Rodrigo Varella Mayerhofer, comemorou o anúncio da IUCN, mas alertou que o quadro ainda não é de tranqüilidade em relação à preservação da espécie:

- Os micos-leões continuam ameaçados. O avanço na lista mostra que o trabalho está no caminho certo e que não podemos parar. Para o mico-leão voltar à situação de criticamente ameaçado é um pulo.

A lista vermelha da IUCN é a lista mais completa sobre a situação de espécies da flora e fauna de todo o mundo. A lista usa uma série de critérios científicos para avaliar o risco de extinção de milhares de espécies e subespécies. Há nove categorias avaliando o nível de ameaça de extinção enfrentado pela espécie: extinto, extinto na natureza, criticamente ameaçado, ameaçado, vulnerável, quase ameaçado, mínimo de preocupação, dados insuficientes ou não avaliado. Uma espécie é considerada ameaçada de extinção se ficar nas categorias perigosamente ameaçado, ameaçado ou vulnerável.

O Globo, 19/11/2003, Rio, p. 22

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