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Anistia Internacional pede suspensão de usina

OESP, Economia, p. B6
03 de Jun de 2011

Anistia Internacional pede suspensão de usina
Concessão de licença do Ibama para construção da Hidrelétrica de Belo Monte estimula reações e movimentos já preparam novos protestos

A Anistia Internacional afirmou ontem em seu site que o Brasil deve respeitar os direitos dos indígenas que vivem na região do Rio Xingu e suspender a construção da Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Segundo a diretora adjunta para as Américas da Anistia Internacional, Guadalupe Marengo, continuar com a obra antes de proteger os direitos dos indígenas equivale a "sacrificar direitos humanos em prol do desenvolvimento".
"O Brasil deve acatar as recomendações da Comissão Interamericana de Direitos Humanos para suspender a construção da usina de Belo Monte até os direitos das comunidades indígenas locais estarem completamente garantidas", disse Guadalupe.
Em abril, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) havia recomendado que o Ibama suspendesse a licença ambiental até que todas as comunidades locais fossem consultadas.
A licença para construir a usina de Belo Monte não diminuiu a mobilização dos movimentos ambientalistas contrários ao empreendimento. Desde ontem, quando foi divulgada a concessão da licença, lideranças indígenas e ribeirinhos começaram ser contatadas por telefone ou e-mail para uma manifestação que deve ocorrer nos próximos dias em Altamira ou em Brasília.
"Não recuaremos um centímetro. A cada erro, a cada mentira, aumenta nossa indignação e nossa força de luta. Essa licença é a antessala de um crime que impediremos que seja cometido, custe o que custar", disse Antonia Melo, coordenadora do Movimento Xingu Vivo para Sempre.
Segundo ela, o governo admite "com todas as letras" que as condicionantes não foram cumpridas. "As ações antecipatórias, impostas pelo Ibama e pela Funai para a liberação da licença prévia, que na época eram exigências para a licença da instalação, foram empurradas para dezembro de 2011 a junho de 2012."
Antonia Melo destacou a mudança, pela Funai, do prazo de desintrusão das terras indígenas, que ficou para antes da licença de operação - último processo de licenciamento ambiental: "Só precisarão ser realizadas daqui a cerca de cinco anos".
A Procuradoria-Geral da República no Pará analisa a licença e não descarta uma nova ação. Existem 12 ações judiciais tramitando contra a usina, dez propostas pelo Ministério Público Federal e duas por organizações não governamentais. O procurador da República no Pará, Felício Pontes Jr., admite ter sido pego de surpresa. "Na semana passada, recebemos um documento da Norte Energia mostrando que as condicionantes não foram cumpridas."
A advogada da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos, Roberta Amanajás, disse que a "concessão da licença é ilegal" e representa uma "demonstração clara e inequívoca de desrespeito aos mecanismos internacionais de defesa dos direitos humanos". / Colaborou Fátima Lessa, de Cuiabá, especial para o Estado

OESP, 03/06/2011, Economia, p. B6

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110603/not_imp727403,0.php

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