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André diz que professor de Paranhos foi morto vítima de pancada no tórax

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Autor: Jacqueline Lopes e Valdelice Bonifácio
24 de Nov de 2009

Embora o governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), tenha afirmado que a polícia está empenhada em encontrar o corpo do professor Rolindo Verá, desaparecido no dia 2 de novembro em confronto com seguranças privados na Fazenda São Luiz, em Paranhos, a informação dos moradores da aldeia Pirajuí é de que não há bombeiros, nem grupos da polícia na área à procura do indígena.

O primo de Rolindo, Genivaldo Verá foi encontrado morto sem perfurações no corpo em um córrego dentro da área de confronto. Ele foi morto vítima de pancada no peito, disse o governador.

Indagado sobre a falta de informação sobre a investigação, encabeçada pela Polícia Federal de Naviraí, Puccinelli frisou que há pelo menos oito hipóteses para o caso. A primeira de que os dois indígenas foram assassinados. Mas, até agora a PF e a Polícia Civil não efetuaram prisões.

A segunda, de que o professor indígena desaparecido, Rolindo Verá, seja o autor da morte de Genivaldo Verá. Hipótese descartada pelos familiares que estiveram na última semana na Capital, onde conseguiram a liberação do corpo de Genivaldo que estava há pelo menos 10 dias no Instituto Médico Legal. Os pais de Genivaldo, Bernardo e Francisca Verá querem ajuda para encontrar nem se for a ossada do sobrinho Rolindo e disseram que a luta pela terra na região não vai cessar mesmo com derramamento de sangue.

"A polícia está procurando. Se alguém souber de algo a mais tem que informar", disse o governador.

O caso

No dia 20 de novembro, após peregrinação em Campo Grande pela Superintendência da PF (Polícia Federal) e Instituto de Criminalística por informações sobre o corpo do professor guarani Genivaldo Verá, de Paranhos, os pais Francisca e Bernardo Verá receberam da direção do Instituto de Criminalística a confirmação do que eles já sabiam. No dia 7 de novembro o corpo foi encontrado submerso no córrego Ypoi e trazido para o Instituto Médico Legal da Capital.

Genivaldo e Rolindo Verá entraram com outros 16 indígenas na Fazenda São Luiz e depois de três dias foram expulsos na madrugada de 2 de novembro por seguranças particulares. No confronto, os professores não voltaram para a casa.

O casal faz um apelo e pede que as autoridades encontrem o corpo de Rolindo Verá 'mesmo que sejam os ossos'. "Matou e roubou o corpo. Se não viesse aqui, não saberia resposta. Muito difícil para minha mãe e meu pai", diz o irmão guarani que acompanhou os pais e pediu para não ter o nome nem foto divulgada pelo risco de confronto.

A morte para Bernardo e Francisca causa dor, mas segundo eles, não faz o povo guarani recuar. "Estamos prontos para lutar", disse a mãe na língua guarani. "Já morreu lá pela luta da nossa terra e vamos continuar", disse também o pai. Sem derramar lágrimas, mas com o semblante sério, o casal aguarda o momento da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) fazer o transporte do filho para a aldeia Pirajuí.

Segundo informações apuradas pelo Midiamax junto ao governo estadual, o corpo passou por necropsia e não foram constatadas perfurações por tiro ou faca nem tampouco os ossos foram quebrados. A causa da morte não pôde ser elucidada pelo avançado estágio de putrefação. Mas, hoje o governador de Mato Grosso do Sul disse à imprensa que Genivaldo morreu vítima de complicações cardiorrespiratórias ocorridas após ter levado uma forte pancada no tórax.

Violência

A aflição tomou conta da comunidade indígena e chamou a atenção da Anistia Internacional que pediu ao Brasil explicações sobre mais um escândalo que acabou em morte.

Em meio a situação, a PF (Polícia Federal) de Naviraí, responsável pelo inquérito sigiloso, não comunicou aos familiares como estava a perícia. Francisca e Bernardo já tinham confirmado por fotografia que a pessoa encontrada morta era o filho. O calção, a cueca e a falha na arcada dentária ajudaram na identificação, mas falta a confirmação da perícia técnica e a liberação do corpo para os rituais de sepultamento indígena na aldeia Pirajuí.

Laudo

Peritos do Instituto de Criminalística de Campo Grande receberam da PF as carteiras indígenas da Funai (Fundação Nacional do Índio) dos professores Genivaldo Verá e Rolindo Verá.

Foram coletadas as digitais do corpo de Genivaldo.

As digitais dele não foram encontradas no banco de dados de Mato Grosso do Sul, que reúne todos os dados de quem tem carteira de identidade local. Mas, como os indígenas têm a carteira da Funai e nela, há a impressão digital foi feito também o confronto.

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