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Amazônia internacionalizada: invasão começa na selva dos Ashaninka

Kaxiana.com.br
Autor: Romerito Aquino
15 de Jul de 2007

A história da internacionalização da Amazônia, sempre lembrada quando o governo brasileiro não consegue dar conta do recado de manter de pé a maior floresta tropical do mundo, já é uma realidade há alguns anos na floresta situada na fronteira do Acre com o Peru.

Ali, madeireiras peruanas, que se concentram na cidade peruana de Pucalpa, descarregam o poder de destruição de suas máquinas para roubar muita madeira da selva dos índios Ashaninka, que desde o início desta década vem pedindo providências, sem muito sucesso, ao governo brasileiro para cessar o roubo internacional de seu patrimônio florestal. Veja nova carta-denúncia dos índios às autoridades brasileiras.

Destinada em grande parte ao mercado internacional, a madeira da terra indígena Ashaninka é muito valiosa, rendendo milhões de dólares quando embarcam em navios destinados a mercados europeus e outras partes do mundo. Quando estive em junho de 2004 na aldeia dos Ashaninka do rio Amônia, os madeireiros já haviam devastado mais de sete mil hectares da floresta dos índios, tendo retirado mais de cinco mil árvores de grande porte na região de fronteira da terra indígenas, demarcada pela Funai em 1992 com 87,2 mil hectares.

Esses fatos foram denunciados na reportagem especial que publiquei no jornal Página 20, de Rio Branco, depois de visitar os Ashaninka acompanhado de uma equipe da TV Nacional. Na reportagem, que ganhou o prêmio de jornalismo José Chalub Leite daquele ano, as lideranças Ashaninka já alertavam para o processo de internacionalização que suas terras vinham sofrendo com a ação devastadora das madeireiras, dos traficantes de drogas e até de narcoguerrilheiros colombianos que vêm transformando aquela região fronteiriça num grande inferno de disputas por domínio de territorial.

Um vídeo com depoimentos gravados de moradores do município acreano de Marechal Thaumaturgo, situado na fronteira com o Peru, onde eles relatam a invasão internacional naquela região de fronteira amazônica chegou a ser entregue pelo então governador Jorge Viana no Palácio do Planalto, mas quase nada foi feito pelo governo federal para combater as irregularidades.

De lá para cá, a situação só se agravou. Segundo carta denúncia divulgada no blog dos Ashaninka, recém lançado na web, as invasões das madeireiras peruanas naquela região da floresta amazônica se agravaram muito, pois se ampliaram para dentro do Parque Nacional da Serra do Divisor, da Reserva Extrativista do Alto Juruá e mais recentemente para a Terra Indígena Ashaninka/Kaxinawá do rio Breu, conforme denúncia de junho deste ano, encaminhada a diversos órgãos governamentais por meio de documento assinado pelos Kaxinawá do Breu, pela Apiwtxa (Associação Ashaninka do Rio Amônia) e pelo Movimento Indígena do Juruá.

Recentemente, os índios e o Ibama fizeram um sobrevôo na região da fronteira e tiraram fotos (veja algumas nesta página) confirmando o roubo das madeiras. Estudos realizados na região do Vale do Juruá acreano comprovaram que as quatro áreas invadidas apresentam uma das maiores biodiversidades em plantas e animais de todo o planeta. Veja, a seguir, a nova carta-denúncia dos Ashaninka pedindo mais uma vez providências às autoridades brasileiras, a começar do Exército e da Polícia Federal.

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