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Amaggi inicia nova fase de expansão do escoamento de grãos pelo Norte do país

Valor Econômico, Agronegócios, p. B12
05 de Mai de 2015

Amaggi inicia nova fase de expansão do escoamento de grãos pelo Norte do país
Logística Com aportes de R$ 450 milhões, empresa amplia uso do corredor Madeira-Amazonas

Bettina Barros | De São Paulo

A Amaggi Navegação, braço do grupo controlado pela família do senador Blairo Maggi (PR-MT), concluiu os principais pontos de seu projeto para expandir o volume de escoamento de grãos pelo corredor Madeira-Amazonas.

Após investimentos de R$ 450 milhões nos últimos dois anos nessa frente, a empresa colocará em operação neste mês um novo Terminal de Uso Privado (TUP) em Porto Velho (RO) e uma estação de transbordo de cargas em Itacoatiara (AM), além de mais barcaças e empurradores. Com isso, elevará em 80%, para 5 milhões de toneladas por ano, sua capacidade de transporte fluvial na região.

A novidade, em meio a tantos anúncios logísticos do agronegócio no chamado "Arco Norte", está no modelo de terminal escolhido pela Amaggi: ele é flutuante. Ou seja, está fundeado em pleno rio. De um lado atracam as barcaças e do outro os navios exportadores. Um guindaste acoplado ao terminal fará a transferência direta dos grãos, sem a necessidade de armazenamento.

"É um modelo inovador no Brasil e que tem a desvantagem de não poder armazenar. É necessária coordenação perfeita entre navio e barcaça, uma logística 'just in time'", afirma Jorge Zanatta, diretor da Amaggi Navegação. "Se um deles faltar, toda a operação para".

De acordo com o executivo, foi uma opção ousada e pioneira, mas com ganhos significativos. "O terminal flutuante tem custo inferior ao convencional e os processos de licenciamento são mais simples e mais rápidos".

As contas mostram a disparidade de gastos e tempo: um terminal convencional, construído à margem do rio, custa entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões - e leva no mínimo quatro anos para entrar em operação devido à demora na liberação de licenças estaduais e federais necessárias ao empreendimento. O flutuante custa R$ 50 milhões e fica pronto em 18 meses.

"Ele não envolve questões como desmatamento, titularidade da terra, barranco de rio e outros processos", diz Zanatta. Em recente entrevista ao Valor, o presidente da ADM no Brasil e América do Sul (exceto Argentina), Valmor Schaffer, afirmou que se "der certo" o que a Amaggi fez no rio Madeira, também pretende replicar a ideia em outros corredores fluviais.

A estratégia de crescimento já vinha sendo desenhada pelo grupo há alguns anos e ganhou ímpeto com a reestruturação organizacional do grupo, agora dividido em quatro unidades de negócios.

Na área de navegação, a percepção era de que as possibilidades de expansão estavam limitadas. Cravado em Porto Velho e com acesso limitado de caminhões, o porto público não oferecia condições de expansão para que a Amaggi acompanhasse a oferta crescente de grãos de Rondônia e do Noroeste de Mato Grosso. Em 2014, a necessidade de ampliação ficou mais evidente depois que as chuvas torrenciais do inverno amazônico inundaram Porto Velho e paralisaram parte do porto público. A Amaggi não sofreu diretamente, mas terminais como o da Cargill tiveram de interromper as operações por ter submergido em água.

A partir deste ano, além do porto público de Porto Velho, a Amaggi contará também com um terminal privado 20 quilômetros rio abaixo - e em um terreno alto, para não correr riscos. Juntos, eles elevarão a capacidade de escoamento de grãos do grupo pelo Madeira de 2,8 milhões de toneladas ao ano para 5 milhões em 2016. Em Itacoatiara, o terminal de transbordo receberá a complementação do flutuante, de forma a absorver o volume novo.

Segundo Zanatta, a TUP de Porto Velho está em fase de testes pré-operacionais. O flutuante já está pronto, aguardando apenas o alfandegamento da Receita Federal.

A companhia também vai incorporar 60 novas barcaças graneleiras e três novos empurradores, elevando a frota própria da empresa no corredor Madeira-Amazonas a 175 barcaças e 20 empurradores.

Com US$ 4,4 bilhões faturados em 2014 no Brasil e no exterior e na 26ª posição no ranking das maiores empresas exportadoras do país no primeiro trimestre, a Amaggi investiu nos últimos três anos R$ 1 bilhão em logística, aquisição de terras, estrutura para originação e beneficiamento de grãos. Quase metade voltou-se ao corredor Madeira, onde há duas décadas a Amaggi deu início ao transporte fluvial e que ainda segue como a menina dos olhos do grupo. "É, sem dúvida, nosso principal rio", diz Zanatta.

Quando atingir as cinco milhões de toneladas, o Madeira-Amazonas representará pouco menos da metade de tudo o que a Amaggi movimentou em 2014 - 11 milhões de toneladas de grãos.

No Tapajós, a Amaggi criou uma joint venture com a Bunge para navegar com soja e milho de Mato Grosso e no Pará. Em 2014 transportou 836 mil toneladas. A previsão é alcançar dois milhões de toneladas este ano e, em 2016, 3,5 milhões de toneladas de grãos.

Por ora, a Amaggi não tem planos concretos para outro corredor amazônico, o do Tocantins-Araguaia. Há ainda problemas de navegabilidade, diz o executivo. "Não estamos enxergando expectativas positivas ainda para a realização das obras necessárias no rio".

Valor Econômico, 05/05/2015, Agronegócios, p. B12

http://www.valor.com.br/agro/4033956/amaggi-inicia-nova-fase-de-expansa…

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