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Alckmin vai ao Planalto e pede ajuda de Dilma para evitar racionamento em SP

OESP, Metrópole, p. A13-A14
19 de Mar de 2014

Alckmin vai ao Planalto e pede ajuda de Dilma para evitar racionamento em SP
Abastecimento. O governador pediu auxílio para aprovar a construção de um novo canal de 15 km que interligará o Sistema Cantareira, que registra seguidos recordes negativos de capacidade, ao Vale do Paraíba; governo federal teme rodízio durante a Copa

Sonia Racy, Pedro Venceslau, Fabio Leite e Tânia Monteiro - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi nesta terça-feira, 18, a Brasília para pedir ajuda do governo federal para evitar o racionamento de água em São Paulo. No dia em que o Sistema Cantareira voltou a bater recorde histórico de baixa capacidade (14,9%), ele teve uma audiência com a presidente Dilma Rousseff (PT), no Palácio do Planalto.
Alckmin estava acompanhado da presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Dilma Pena. Já a presidente da República convocou a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e representantes da Agência Nacional de Águas (ANA). Entre os assuntos tratados estava o pedido feito pelo governo paulista à agência para a construção de um novo canal de 15 km que interligará o Sistema Cantareira à Represa de Igaratá, no Vale do Paraíba - como foi adiantado nesta terça-feira à noite pelo blog Direto da Fonte.
A medida, que precisa de permissão da agência, reforçaria o sistema, que abastece grande parte da capital e da Grande São Paulo. Polêmica, a ação terá efeito a médio prazo.
O Palácio do Planalto estava afastado do problema de abastecimento de água, tentando deixá-lo a cargo do governo do Estado de São Paulo. Mas, com a continuada redução dos níveis nos reservatórios e com a proximidade do início do período de estiagem, em abril, o governo federal decidiu ajudar, temendo que os reflexos de um racionamento possam também atingi-lo, ainda mais em ano eleitoral.
Há também uma preocupação que a falta d'água possa se estender até às vésperas do início da Copa do Mundo de Futebol, em meados de junho. Para evitar isso, será usado o volume morto. A Sabesp já anunciou o investimento de R$ 80 milhões para explorar os cerca de 400 milhões de metros cúbicos armazenados nos fundos do reservatórios. A previsão é de que as obras terminem em maio.
Paralelamente, a concessionária paulista adotou uma série de medidas para garantir o abastecimento da Grande São Paulo. Além de incentivar a redução do consumo de água com descontos nas tarifas, a Sabesp vai transferir o atendimento de até 3 milhões dos 8,8 milhões de consumidores abastecidos pelo Cantareira na capital paulista para os Sistemas Alto Tietê e Guarapiranga.
Em queda. O volume de água armazenado nos reservatórios do Sistema Cantareira registrou mais uma queda ontem, de 0,1 ponto porcentual, passando para 14,9%, novo recorde negativo desde a criação, há 40 anos.
De acordo com a Sabesp, há um ano o índice era de 59,4%. O problema ainda é pontual: nesta terça, o índice do Sistema Alto Tietê estava em 37,8% e o do Guarapiranga, em 76,1%.
A escassez prolongada do verão é a principal causa para os baixos níveis do sistema. Em janeiro, choveu apenas 36% da média histórica. Em fevereiro, a pluviometria acumulada sobre o Cantareira alcançou 33,8% do previsto. Em março, o volume de precipitações está dentro da média, tendo chovido até hoje cerca de 79% do esperado para o mês. As chuvas, no entanto, não foram suficientes para a recuperação dos mananciais. / COLABOROU GABRIELA VIEIRA

Transposição do Paraíba abre nova disputa pela água
Medida polêmica sugerida pelo governo paulista deve ser alvo de críticas tanto no Vale do Paraíba quanto no Rio de Janeiro

Fabio Leite e Ricardo Brandt / CAMPINAS - O Estado de S.Paulo

Apresentada pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) como nova alternativa para a grave crise no abastecimento de água da Grande São Paulo, a transposição do Rio Paraíba do Sul, na região do Vale do Paraíba, é tão polêmica quanto à atual disputa por água entre a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e o consórcio da Bacia dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), que abastece as cidades de região de Campinas.
O projeto é um dos arranjos previstos pelo governo estadual no Plano Diretor de Aproveitamento de Recursos Hídricos para a Macrometrópole Paulista, que começou a ser produzido em 2008 com objetivo de analisar alternativas de novos mananciais para o suprimento de água até o ano de 2035. A proposta é retirar água de um dos braços da represa do Jaguari, na cidade de Igaratá, por meio de uma estação elevatória e levá-la ao reservatório Atibainha, no Sistema Cantareira por um canal com 15 km de extensão.
Tão logo a proposta veio à público, as cidades da região do Vale do Paraíba e do Rio de Janeiro, que também são abastecidas pelas águas do Rio Paraíba, fizeram duras críticas ao projeto.
O Ministério Público Federal em Campos (RJ), por exemplo, recomendou em 2011 que o projeto não fosse realizado sem a discussão com todas as regiões afetadas pela medida.
Segundo cálculos feitos pelo Plano Diretor, a transposição pode levar entre 4,7 mil e 5,13 mil litros de água por segundo para o Sistema Cantareira com custo entre R$ 400 e R$ 600 milhões, segundo projeções.
Como o Rio Paraíba do Sul é federal - banha os Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro -, qualquer projeto de transposição precisa da aprovação do governo federal, no caso, da Agência Nacional de Águas (ANA). No Plano Diretor, os projetos estão previstos apenas a partir de 2025.
Barragem. Enquanto isso, o governo paulista executa as obras de construção do Sistema Produtor de São Lourenço, que prevê a produção de 4,7 mil litros por segundo para abastecer cidades da Grande São Paulo, e prepara as desapropriações para as obras das barragens Duas Pontes e Pedreira, que têm como objetivo represar água para abastecimento na região de Campinas. Ambos os projetos sofreram atrasos e estão previstos apenas para 2018.

Grupo monitora uso para evitar colapso

O comitê anticrise que monitora o Cantareira pediu à Sabesp um plano detalhado com alternativas do volume de água a ser retirado do manancial até o fim do ano para diferentes níveis de capacidade do local. A companhia informou que seguirá a recomendação. O objetivo do grupo é planejar o uso do "volume morto" dos reservatórios e evitar o colapso do sistema. As obras começaram na segunda-feira e devem ser concluídas em maio.
A Sabesp informou que vai utilizar cerca de 200 bilhões de litros da reserva quando for necessário. Segundo previsão do comitê, o volume útil pode se esgotar em julho, no mês da Copa, porque a estiagem deste ano está bem mais severa do que a de 1953, a pior da história. Para a Sabesp, o volume morto é suficiente para abastecer a Grande São Paulo por quatro meses. / F.L.

OESP, 19/03/2014, Metrópole, p. A13-A14

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