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AES testa geração de energia com calor da Terra

FSP, Mercado, p. B4
09 de Nov de 2014

AES testa geração de energia com calor da Terra
Protótipo instalado em Itajubá 'fisga' vapor da crosta terrestre a 6.000oC
Custo ainda faz com que produção em escala seja economicamente inviável; meta é buscar opções ao uso da água

João Alberto Pedrini de Ribeirão Preto

A AES Tietê, braço de geração e comercialização de energia do grupo AES Brasil, inaugurou neste mês um protótipo para produção de energia geotermal em Itajubá, na Universidade Federal de MG.
A pesquisa consiste na geração de eletricidade por meio do calor proveniente do interior da Terra. O projeto foi iniciado em 2010, com investimentos de R$ 4 milhões.
O objetivo é ampliar, no futuro, o fornecimento de energia para o país usando fontes diferentes da água, garantindo mais segurança ao sistema em períodos de seca como o atual.
No novo projeto, o solo é perfurado até que se alcancem as fissuras existentes na crosta terrestre, onde as temperaturas chegam a 6.000oC.
São feitos então dois furos e inseridos tubos, que "pescam" esse vapor e o trazem à superfície, onde uma usina o transforma em energia.
Hoje, a AES Tietê tem nove hidrelétricas, além de três pequenas centrais. A empresa investe também na geração a partir do hidrogênio.
O diretor-geral de geração da AES, Ítalo Freitas, afirma que o desafio é baratear os custos e tornar as fontes alternativas de energia economicamente viáveis no futuro --ele não estima, porém, quando isso poderia ocorrer.
"Dependerá do avanço das pesquisas", disse.
Freitas afirmou que a energia geotermal é viável onde a afloração de temperatura é mais próxima da superfície.

CUSTOS
Ennio Peres da Silva, professor de física e de pós-graduação em planejamentos de sistemas energéticos da Unicamp, explicou que as altas temperaturas sob as terras brasileiras se localizam numa profundidade que torna a operação cara.
"Esses projetos são importantes porque estudam e avaliam se essa geração de energia pode ser viável ou não. No futuro, pode ser importante."
O Ministério de Minas e Energia informou que há estudos semelhantes no país em relação à geotermia, como em Santa Maria (RS), no Observatório Nacional e na UFRJ, mas que o país tem outras fontes a serem exploradas a um custo menor, como a biomassa (etanol e outros), a energia eólica e a solar.
A empresa também investe R$ 5 milhões em um projeto que, segundo a AES, possibilitará a produção de energia a partir do hidrogênio.
Freitas afirmou que o elemento pode ser isolado de duas maneiras.
A primeira, a partir da divisão do etanol por meio de um reator, e a segunda, por meio da eletrólise da água --removendo o oxigênio (através de um "choque") e armazenando o hidrogênio.
O estudo foi realizado pela Unicamp em parceria com duas empresas (Hytron e Aquagenesis). Agora, um equipamento piloto será instalado no Centro de Operações da Geração de Eclusas da AES Tietê, em Bauru.
Depois, o protótipo será construído em proporção maior em uma das usinas da AES, com a conclusão do projeto prevista para 2016.
José Luz Silveira, diretor-executivo do Ipeen (Instituto de Pesquisa em Bioenergia) da Unesp Guaratinguetá, que também estuda a transformação do hidrogênio em energia, disse que a vantagem é que, nesse caso, a eletricidade pode ser armazenada.
"Esses projetos são importantes para que a era do hidrogênio chegue o quanto antes ao país."

FSP, 09/11/2014, Mercado, p. B4

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/194791-aes-testa-geracao-de-en…

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