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Adaptados à vida urbana, moradores de aldeia no Campo de Santana ainda preservam sua cultura

Prefeitura de Curitiba - http://www.curitiba.pr.gov.br
19 de Abr de 2016

Curitiba conta com a primeira aldeia urbana do Sul do País. Construída pela Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab) no bairro Campo do Santana, a aldeia Kakané Porã foi entregue há oito anos para 35 famílias das etnias guarani, xetá e caingangue que estavam vivendo em situação precária. Já adaptados ao contexto urbano, os índios se esforçam para manter elementos da sua cultura tradicional.

"Aqui na aldeia temos pessoas que buscam novos caminhos, que têm sonhos parecidos com o do homem branco, mas temos também aqueles que fazem de tudo para manter a nossa cultura. Tanto um como outro merecem respeito pelas suas escolhas", diz o presidente da Associação Beneficente e Esportiva Kakané Porã, Antônio Claudino Moraes.

Kakané Porã significa "fruto bom da terra" na língua caingangue. As 35 famílias que habitam o local foram transferidas de condições insalubres que enfrentavam no Parque Cambuí, próximo a São José dos Pinhais. "Vivíamos empilhados, em barracões com esgoto a céu aberto. Aqui é bem diferente, temos água, luz, asfalto e cada família possui uma boa casa", destaca Moraes.

Promessas no esporte

E é nessa nova qualidade de vida que a Kakané Porã tem visto jovens se tornarem orgulho para a aldeia, como o estudante José Ubirajara Luiz Paraná Júnior, conhecido como Júnior, que aos 13 anos já é considerado uma promessa no judô. "Já participei de vários campeonatos e no último fui o campeão sul-brasileiro", diz o estudante que além de exibir a medalha de ouro, já pensa em dar aulas profissionais. "Quando eu tiver 16 anos vou ser faixa preta e já vou poder ser professor", conta o garoto, que estuda pela manhã e treina judô durante as tardes.

Outro jovem que sonha com o esporte é Elias Vargas Batista Rosa, 15 anos, que quer ser jogador profissional de futebol e em breve vai fazer uma avaliação para um clube da capital. "Tenho esperança que vou conseguir passar no teste e um dia ser atacante de um time grande", revela o jovem que já faz planos. "Quero ajudar meus pais, igual eles sempre me ajudaram a querer ser alguém na vida", diz Elias, que é filho de pai pedreiro e mãe auxiliar de limpeza.

Tradição

Se por um lado a Kakané Porã tem olhado para o futuro, por outro, a cultura indígena ainda é visível em grande parte da aldeia. Como nos trabalhos artesanais de Moisés da Silva, 34, que com a ajuda da esposa, faz objetos como cestos, sarabatanas, chocalhos, apanhador de sonhos e arco e flecha para vender no centro da cidade. De acordo com o índio, o trabalho garante o sustento da família. "As peças variam de R$ 10 a R$ 40, depois de vender todas eu tiro um tempo para fazer novas e voltar a vender", conta. De acordo com Moisés, além dele e da esposa, cerca de mais dez famílias da aldeia ainda trabalham com a fabricação de objetos artesanais.

As 35 casas construídas pela Cohab em área de 44 mil metros quadrados são dispostas em círculo, sem muros separando os lotes. "A maneira como a aldeia foi construída é boa para nós, porque facilita a vida em comunidade, do jeito que sempre fomos acostumados. Mas diferente das dificuldades de antes, aqui estamos conseguindo oferecer uma vida digna para nossos filhos", afirma o presidente da associação.

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