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Acuado por Estados, empresas e pela UE, Bush tem de responder à questão do clima

FSP, Mundo, p. A9
24 de Jan de 2007

Acuado por Estados, empresas e pela UE, Bush tem de responder à questão do clima

Claudio Angelo
Editor de Ciência

É tentador dizer que George W. Bush está sofrendo de tensão pré-IPCC.
Essa síndrome tem acometido alguns governantes mundiais às vésperas da divulgação, no próximo dia 2, de um relatório do IPCC (sigla em inglês para Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática). Ele mostrará, além de dúvidas, que a Terra esquentou 0,74 C no último século e pode terminar o século 21 com 3C a mais que antes da Revolução Industrial, principalmente por culpa do vício dos países ricos em petróleo e carvão mineral.
Os dados do relatório já estão nas mãos dos governos desde novembro. A Europa lançou neste mês seu plano de energia renovável, que prevê corte doméstico de 20% das emissões de gases-estufa até 2020. Até o petroleiro Canadá, aliado de Bush na questão climática, renunciou de sua vontade de renunciar ao Protocolo de Kyoto contra o efeito estufa. Só os EUA ainda negam a realidade.
Será que negam mesmo? Depende de qual EUA se está falando. A Califórnia do republicano Arnold Schwarzenegger já processou as maiores montadoras de automóveis para que os carros que rodam no Estado tenham uma quilometragem por litro semelhante à dos carros europeus e japoneses, bebendo menos e emitindo menos gás carbônico.
Prefeitos e governadores por todo o país já decidiram cortar emissões, independentemente do que dite a Casa Branca.
Ontem, os CEOs de dez grandes multinacionais americanas (incluindo aí DuPont, GE e Duke Energy) pediram a Bush para apoiar o corte obrigatório de emissões, na prova final de que é a dicotomia economia X clima que tem as tais "falhas inerentes" apontadas pelo presidente no acordo de Kyoto.
Por fim, e o mais importante, há os democratas. A bagunça no Iraque. E, como se não bastasse, Bush arrisca a humilhação suprema de ver seu rival Al Gore faturar um Oscar com um filme sobre... efeito estufa.
A pressão interna sobre Bush e sua adição confessa a petróleo chegou a seu ponto crítico. O que o presidente vai fazer? Adotar a clássica saída pela direita: mais etanol, motores mais eficientes. É mais do que nada. Mas é quase nada.

FSP, 24/01/2007, Mundo, p. A9

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