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45% do Cerrado de MT foi desmatado e focos de calor já supera 2018 em 40%

Correio Popular - https://correio.rac.com.br
Autor: JULIANA ALVES Jornalista
22 de Set de 2019

45% do Cerrado de MT foi desmatado e focos de calor já supera 2018 em 40%

Apesar dos problemas ambientais, há quem busque por soluções sustentáveis para o uso dos recursos naturais e ações como plantio de árvores ou limpezas das ruas e dos rios

É comemorado no dia 21 de setembro (sábado) o Dia da Árvore. A data é utilizada para celebrar o meio ambiente, mas enquanto isso o desmatamento e as chamas de fogo destroem os três biomas de Mato Grosso. Em apenas sete dias, de 11 a 18 de setembro, foram registrados a média de 500 novos focos de calor em todo o Estado. O total de novos 3.510 registros supera em 40% todo o ano de 2018.

Nesse período o Pantanal foi o que mais queimou. São 234 focos de calor, em sete dias, o que representa um aumento de 36% no bioma. Em números gerais, desde o início de 2019, em Mato Grosso a Amazônia teve 1.690 focos desde o início do ano, seguido do cerrado com 1.586 focos e o Pantanal teve 877 até o dia 18 deste mês.

Entre os municípios, Colniza (1.067 km de Cuiabá) está com o maior número de ocorrências desde o início do ano. Foi registrado quase dois mil focos de calor. Seguida de Paranatinga (381 km da Cuiabá), com 1.025 e Aripuanã (949 km de Cuiabá) que registrou 882 focos de calor.

Os dados apresentados foram sintetizados pelo Instituto Centro de Vida (ICV) que trabalhou as informações do satélite de referência adotado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O Instituto Centro de Vida

Fundado em 1991, o ICV é uma organização não governamental em Mato Grosso. Eles trabalham com dados relacionados aos biomas locais, com foco na região amazônica. A Ong visa focar na construção de soluções do uso sustentável dos recursos naturais do Estado - vinculada a ações da agropecuária e agricultura familiar.

"É importante caracterizar o nosso Estado que tem dimensões continentais. Mato Grosso é muito grande, com grande presença do Cerrado, do Pantanal e da Amazônia. Ao mesmo tempo é um Estado caracterizado com uma grande capacidade produtiva do agro neg[ócio", explica Renato Farias, diretor executivo do ICV.

Ele explica que dentro dos três biomas de Mato Grosso há múltiplos atores. São 43 aldeias indígenas, mais de cem mil agricultores familiares e as áreas urbanas. "A essência do trabalho do Instituto é fazer uma boa relação entre essas populações que vivem no Estado e as características desses biomas", diz Renato.

Desmatamento

Entre os estados que engloba a Amazônia Legal, em 2018, Mato Grosso ficou em 2o lugar no ranking de maiores taxas de desmatamento acumulado. São 144.5K Km², ou seja, 33.1% do Estado, atrás somente do Pará com 148.3K Km².

No Estado, assim como lidera com o maior número de ocorrência de focos de fogo, o município de Coloniza é onde mais teve área desmatada, conforme informada pela Secretaria do Estado de Meio ambiente (Sema), com base em dados do Inpe.

No Cerrado, dos 360 mil quilômetros quadrados da área original em Mato Grosso, 45% já foram desmatados. De um total, o Brasil perdeu 15% de todo esse bioma em um ano, entre agosto de 2017 a julho de 2018.

Entre janeiro e julho de 2019, a Sema já aplicou mais de R$ 262.457.539,54 em multas por crimes contra a flora.

Foram apreendidos, para o mesmo período, 3759,97 m² de madeira em Mato Grosso. As espécies mais comercializadas, no mês de agosto deste ano, foram a Cambará, Cedrinho, Tauari, Maçaranduba, Angelim-pedra, Garapeira, Cupiúba, Ipê, Amescla, Itaúba, Jatobá, Cumaru, Champanhe, Caixeta, Roxinho e Maracatiara.

As madeiras apreendidas em casos de exploração, comércio e transporte ilegal são depositadas e decisões administrativas e judiciais definem o destino final do material.

Em um estudo, o ICV identificou que 95% do desmatamento foi feito de forma ilegal, sem a autorização da Sema ou do Ibama.

Renato Farias, do ICV, diz que a maior parte dos desmatamentos no Estado ocorreu em imóveis rurais cadastrados na Sema.

"Esperamos identificar, no futuro, os porquês desse tipo de desmatamento. A reversão desse quadro se da muito por identificar se foram desmatamentos ilegais a ponto de saber se essas áreas vão ter condições de sofrer algum tipo de produção ou se serão recompostas".

Renato diz que a reversão desse quadro que o meio ambiente enfrenta se da pela identificação se são casos de desmatamentos ilegais e queimadas criminosas. "Precisamos saber se essas áreas vão ter condições de sofrer algum tipo de produção ou se serão recompostas".

Ele defende que Mato Grosso já está em um estágio de discutir a produção aliado a conservação da natureza. "Não são coisas distintas. Estamos procurando uma produção que respeita a conservação das florestas e das águas".

Renato diz que esse tipo de produção também volta como ganhos econômicos e para o clima. "Não são discussões polarizadas. Está atrelada a questões econômicas e é importante colocar nosso Estado e nossos produtos como um diferencial mundo a fora".

http://circuitomt.com.br/editorias/cidades/145484-45-do-cerrado-de-mt-f…

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