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10% dos clientes consomem 1/3 da produção de água mensal do Cantareira

OESP, Metrópole, p. A11
31 de Dez de 2014

10% dos clientes consomem 1/3 da produção de água mensal do Cantareira
Tachados de 'gastões' pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), eles são o principal alvo da proposta de multa por gasto excessivo

Fabio Leite - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - Levantamento da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) aponta que apenas um grupo de 10% de clientes da Região Metropolitana que continua gastando mais água hoje do que antes da crise hídrica consumiu em novembro um volume equivalente a um terço de toda a produção do Sistema Cantareira. São 446.677 consumidores tachados de "gastões" pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) e que estão na mira da proposta de multa apresentada pelo tucano à Agência Reguladora de Saneamento e Energia (Arsesp). A medida deve entrar em vigor em janeiro.
Segundo a Sabesp, esse grupo consumiu 6.386 litros por segundo em novembro, o que resultou em um gasto efetivo de 16,5 bilhões de litros no mês. Dados divulgados pela companhia mostram que se eles tivessem mantido o gasto médio do ano passado, que vale de cálculo para o bônus, o consumo teria sido de 1.551 litros por segundo, ou 4 bilhões de litros a menos. No mês passado, a produção média do Cantareira foi de 18.740 litros por segundo.
Se esses clientes tivessem aderido ao programa de descontos na conta lançado em fevereiro pela empresa e reduzido o consumo em 20%, a economia chegaria a 2.518 litros por segundo, ou 6,5 bilhões de litros. Esse volume equivale a 4,25% da produção total de água para a Grande São Paulo e seria suficiente para abastecer 700 mil pessoas. A partir de janeiro, contudo, quem não reduzir o consumo em relação à média pré-crise será penalizado.
A proposta de Alckmin prevê sobretaxa de 20% na conta para quem consumir até 20% mais em relação à média de fevereiro de 2013 e janeiro de 2014, e de 50%, para quem ampliar o consumo além desse limite. Segundo a Sabesp, assim que a Arsesp autorizar a cobrança de multa, será iniciada uma campanha para conscientização da população sobre a aplicação da medida e as faturas serão entregues com a sobretaxa após 30 dias.
De acordo com a companhia, os "gastões" representam 44% do total de 1 milhão de clientes que consumiram acima da média em novembro, mês do último balanço. Outros 569.343, ou 56%, que gastaram mais do que a média, consumiram menos de 10 mil litros por mês e estarão isentos de multa. Segundo o governo, casos pontuais de aumento de consumo, como de um imóvel que antes da crise não tinha registro, serão analisados individualmente.
Condomínios. Segundo o levantamento da Sabesp, 90,3% dos clientes passíveis de multa são clientes residenciais, 6,8% comércio, 1,4% indústrias, 1% condomínios residenciais e 0,5% entidades públicas. Somente em novembro, segundo a Sabesp, os clientes residenciais considerados "gastões" consumiram 10,2 bilhões de litros, ou 62% do total. Os números mostram que eles consumiram 29% acima da média.
O segundo maior consumo de água entre os gastões são os condomínios residenciais, que foram apontados pela Sabesp como os maiores vilões da economia água porque muitos edifícios não possuem medição individualizada por apartamento. Eles gastaram no mês passado 3,2 bilhões de litros, cerca de 20% do total, mas 35% acima do gasto médio de 2013.
Na sequência aparecem o comércio, com 1,8 bilhão de litros consumidos, e a indústria, com 599 milhões de litros. Juntos, eles gastaram 40% a mais do que a média pré-crise. Neste cálculo não entram os grandes consumidores que têm contratos específicos com a Sabesp.

Em um ano, Cantareira caiu quase pela metade
Cantareira recebeu 78% menos água em 2014 do que a média histórica, na pior estiagem em 84 anos, segundo agência

Fabio Leite - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - Mesmo com a melhora no volume de chuvas nas últimas semanas, o Sistema Cantareira fecha o mês de dezembro no vermelho e o ano de 2014 com um déficit histórico. Foram 484 bilhões de litros de água que desapareceram dos reservatórios nos últimos 12 meses, quase metade (49,3%) da capacidade operacional do sistema, sem incluir o volume morto.
Segundo balanço divulgado pela Agência Nacional de Águas (ANA), um dos órgãos reguladores do manancial, o Cantareira recebeu neste ano 78% menos água do que a média histórica, a pior estiagem em 84 anos de registros. De acordo com o monitoramento, o manancial recebeu uma média de apenas 8,7 mil litros por segundo, ante uma expectativa de 39,4 mil litros por segundo.
O volume de água que entrou nas represas durante todo o ano foi quase metade (52%) da mínima histórica das vazões afluentes ao sistema, ou seja, considerando cada mês mais seco da série histórica entre 1930 e 2013. Antes da crise, o Cantareira abastecia 8,8 milhões de pessoas na Grande São Paulo e 5,5 milhões de pessoas na região de Campinas. Agora, só na região metropolitana, o atendimento caiu para 6,2 milhões de pessoas com o remanejamento de água de outros sistemas feito pela Sabesp.
A boa notícia é que, embora ainda sejam críticos, os números do Cantareira melhoraram em dezembro. O volume de água que entrou neste mês nos reservatórios foi 110% maior do que o registrado em novembro. Em todo o ano, dezembro apresenta o quarto melhor desempenho em volume de chuvas nas represas, atrás apenas de janeiro, março e abril.
Aliada às chuvas, a redução de 7% no volume de água retirado pela Sabesp e liberado para a região de Campinas fez com que o déficit do Cantareira caísse 57% em dezembro na comparação ao mês anterior, chegando a 15,5 bilhões de litros, o menor do ano.
Nesta terça-feira, 30, por exemplo, o nível do Cantareira permaneceu estável, em 7,3% da capacidade, considerando a segunda cota do volume morto. Na prática, o manancial está 21,6% abaixo do nível mínimo operacional, quando a retirada de água ocorre por gravidade, sem uso de bombas.
Após uma queda registrada anteontem, o volume armazenado no Alto Tietê, que também já considera volume morto, subiu de 12% para 12,2% ontem. Já o Sistema Guarapiranga também apresentou aumento, de 40,5% para 40,6%. /

Multa também atingirá grandes consumidores

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) informou nessa terça-feira, 30, que a multa para quem aumentar o consumo de água também valerá para os grandes consumidores que possuem contratos específicos com a empresa com tarifas vantajosas, chamados de "demanda firme".
São fábricas, shoppings, supermercados, hotéis e outros grandes estabelecimentos que mantêm contratos específicos com a Sabesp para consumir um volume mínimo de água por mês em troca de tarifas mais baixas. Na prática, quanto maior o consumo, menor o valor do metro cúbico cobrado. Mas, se a empresa não atinge o gasto mínimo dentro da faixa de consumo escolhido, ela é obrigada a pagar pelo volume total.
Em março, após questionamento feito pelo Estado sobre a prática, a Sabesp informou que havia suspendido a exigência de consumo mínimo para esse grupo de clientes por causa da crise de estiagem como forma de estimular a economia. Segundo a empresa, são cerca de 500 contratos que resultam no consumo de 1,9 bilhão de litros por mês.
Antes de confirmar a multa para os clientes especiais, a Sabesp havia informado que apenas suspenderia a tarifa vantajosa para os clientes que aumentassem o consumo. Neste caso, afirmou, ela passaria de R$ 7,8 por m³ para R$ 13,7 por m³, um aumento em torno de 76%./ F.L.

Desde julho, 122 mil têm conta de água maior do que antes da crise

Fabio Leite - O Estado de S. Paulo

Esse grupo de clientes da Grande São Paulo consome 2,19 mil litros de água por segundo, o equivalente a 12% da produção atual do Cantareira

SÃO PAULO - Levantamento entregue pela Sabesp no início do mês à Agência Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo (Arsesp) com o pedido de autorização para aplicar a sobretaxa da água mostra que 27% dos chamados "gastões" estão há cinco meses seguidos consumindo água acima da média. Ou seja, desde julho, 122.517 clientes da Grande São Paulo, cerca de 370 mil pessoas, estão gastando mais água do que antes do início da crise do Cantareira

De acordo com o documento fornecido pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, somente esse grupo de clientes tem consumido 2,19 mil litros de água por segundo, o equivalente a 12% da produção atual do Cantareira.

Desse total, também segundo a companhia, 700 litros por segundo foram gastos a mais e poderiam ter sido poupados dos mananciais. Esse volume é suficiente para abastecer cerca de 200 mil pessoas.

OESP, 31/12/2014, Metrópole, p. A11

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