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O paraíso do gado: a dinâmica geoeconômica do município de São Félix do Xingu na atualidade.

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No ano de 2019 foi registrado um incremento recorde de desmatamento em relação aos anos anteriores na Amazônia Legal. O município de São Felix do Xingu, no Sudeste Paraense, destaca-se nesse contexto, apresentando duas áreas protegidas com maiores índices de desmatamento. Do total da extensão territorial de 84 mil km² do município, 50% é formado por terras indígenas que somadas às unidades de conservação chegam a mais de 70% de toda a sua extensão territorial. A sede municipal é atingida por via terrestre por uma única estrada estadual, ainda que o município abrigue o maior rebanho bovino do Brasil, 2,5 milhões de cabeças. Se de um lado a maior parte da extensão territorial é constituída por áreas voltadas para a conservação da natureza, de usufruto indígena e de posse da União, de outro, o rebanho bovino, demanda novos pastos, o que faz do município uma fronteira econômica, e territorial em permanente atualização. Dentre as alegorias associadas a São Félix do Xingu uma delas é a de capital do desmatamento. Buscando apresentar e discutir a dinâmica geoeconômica do município de SFX na atualidade, esta pesquisa foi desenvolvida em duas grandes partes. Na primeira, é elaborada a fundamentação teórica e histórica partindo do quadro regional onde está inserido o município. Na segunda, por meio da relação entre dados públicos e dados da pesquisa de campo, realizada em junho de 2022 em São Félix do Xingu, identificou-se a relação entre o uso e apropriação da terra com a re-estruturação da produção da pecuária. Se na primeira década dos 2000 a produção esteve concentrada em fazendas, na atualidade a produção é descentralizada, tanto na distribuição da cadeia produtiva quanto na sua distribuição territorial até a escala do comércio e exportação. Ao contrário da imagem de um exótico “Brasil profundo”, o estudo geoeconômico de São Félix do Xingu na atualidade levou ao seu espelhamento com o Brasil. Sua função em uma rede de negócios central na economia brasileira contemporânea demonstra que ao contrário de exceção, o município deve ser a regra.