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São Paulo; Rio de Janeiro
Pode a antropologia explicar satisfatoriamente o desejo de uma população indígena por dinheiro e mercadorias? E o que dizer quando o consumo indígena não responde pelas necessidades de produção material ou de subsistência e aparece-nos à primeira vista como uma espécie de "consumismo"? Quais os efeitos da circulação de bens industrializados na economia política nativa? Eis algumas questões que Cesar Gordon aborda nesta obra. Com base em uma detalhada etnografia do caráter inflacionário do consumo entre os índios Xikrin, ele nos mostra que o desejo indígena pelos objetos que lhes são estrangeiros não é espúrio, inautêntico e exótico. Ao contrário, é a expressão de um propósito e de uma história propriamente indígenas, com profundas conexões com a cosmologia, o sistema ritual e o parentesco. Sendo parte de um projeto que estuda as transformações ocorridas entre os povos indígenas contemporâneos, este é um trabalho antropológico valioso e inovador, em que a autor reflete sobre um tema candente para muitas populações indígenas no Brasil: a relação com os não-índios, com o Estado e com a economia capitalista.