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WWF-Brasil leva discussão sobre restauração florestal ao Sul do Amazonas

WWF - http://www.wwf.org.br
Autor: Jorge Eduardo Dantas
22 de Ago de 2016

Apuí (AM) - Como restaurar as áreas degradadas existentes no Sul do Amazonas? Como fazer com que as florestas da cidade de Apuí possam ser recuperadas, promovendo a conservação ambiental e mantendo a produtividade dos produtores rurais?

Essas foram algumas das perguntas norteadoras do II Seminário sobre Modelos de Restauração Florestal de Apuí. O evento, realizado pelo WWF-Brasil com o apoio de diversas instituições parceiras, reuniu cerca de 60 pessoas, entre produtores rurais, extensionistas, pesquisadores, representantes de organizações governamentais, institutos e associações.

Passivo ambiental

O Sul do Amazonas faz parte da região conhecida como "Arco do Desmatamento" - famosa mundialmente por seus altos índices de problemas sociais e ambientais, como grilagem, exploração ilegal de madeira, mineração, baixos índices de desenvolvimento humano e presença mínima do poder público e de entes estaduais e federais.

De acordo com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Amazonas (Sema-AM), entre 2008 e 2014, cerca de 38% do desmatamento ocorrido no estado aconteceu na região Sul; daí a importância de se discutir como recuperar o grande passivo ambiental existente por ali.

Além disso, segundo o Código Florestal (Lei 12.651-2012), todos os produtores rurais do País terão que restaurar as áreas desflorestadas que tenham em suas propriedades. Hoje, a discussão sobre recuperação florestal ainda é muito incipiente, e precisa ser alimentada.

Adubação verde

Durante o seminário, técnicos do Instituto de Conservação e Desenvolvimento sustentável do Amazonas (Idesam) apresentaram um estudo mostrando quais são os métodos mais promissores para recuperar as florestas degradadas do Apuí.

Segundo esta pesquisa, o método de "adubação verde" é uma das maneiras mais interessantes para iniciar este trabalho - já que ele permitiria uma recuperação, o mais natural possível, do solo apuiense, bastante castigado pelas atividades pecuárias da região.

Neste método, a restauração é realizada em regime de sucessão - ou seja, de modo que os plantios e colheitas sejam feitos em períodos de tempo intercalados e progressivos. Essa "troca" de espécies melhora as características químicas, físicas e biológicas dos solos; recuperando aqueles que estão degradados e enchendo de nutrientes os solos mais pobres. Ela ajuda a recuperar a matéria orgânica do solo e o reestabelecimento da cobertura florestal.

Práticas sustentáveis

Segundo o produtor rural Joaquim Souza Alencar, 66, o seminário foi muito importante porque lhe permitiu perceber que algumas de suas práticas agrícolas não são sustentáveis.

"Planto banana, mandioca, milho, arroz e feijão. Procuro trabalhar pouco, produzir muito e conservar minha propriedade. Esses eventos são bons para conhecer coisas novas, ver onde estou errando e corrigir algumas coisas que eu faço na minha terra", afirmou Joaquim.

Ele possui uma propriedade de 320 hectares chamada "Fazenda Alegria", situada no quilômetro 104 da BR-230, a Transamazônica.

A analista de conservação do Programa Amazônia, Lorenza Cordeiro, afirmou que o evento buscou levar ao público informações técnicas e econômicas sobre modelos de restauração florestal adaptados à cidade de Apuí. "Também quisemos oferecer, aos órgãos públicos, elementos para melhorar as discussões sobre políticas de regularização ambiental do Amazonas", explicou.

Políticas públicas

De acordo com a chefe do departamento de gestão territorial e ambiental da SEMA-AM, Neila Cavalcante da Silva, o seminário foi muito importante porque trouxe ideias e insights que servirão para melhorar as políticas ambientais do Estado.

"O arcabouço jurídico ambiental do Amazonas está passando por um amplo processo de revisão. Muitas de nossas leis estão defasadas e precisam ser atualizadas e revistas. Este tipo de evento é importante porque traz sugestões de melhorias, reúne experiências da própria região e ajuda no aperfeiçoamento das nossas leis", disse a coordenadora.

Amazônia Meridional

O WWF-Brasil desenvolve projetos de conservação da natureza no Sul do Amazonas desde 2005. Nos últimos anos, o foco do trabalho tem sido na implantação do Código Florestal, apoiando a adesão ao Cadastro Ambiental Rural (CAR) na região; no fortalecimento das instâncias municipais responsáveis pelo controle do desmatamento; e no estudo das possibilidades de uso das florestas públicas existentes naquela área.

A instituição também tem uma longa trajetória de ações voltadas à conservação da Amazônia Meridional, como é conhecida a região limítrofe entre os estados do Amazonas, Mato Grosso e Rondônia. Ali, até 2011 o WWF-Brasil contribuiu diretamente para a criação de áreas protegidas como o Mosaico do Apuí, o Parque Nacional do Juruena e o Mosaico da Amazônia Meridional (MAM) - ajudando a manter íntegros e saudáveis cerca de 7 milhões de hectares de florestas.

http://www.wwf.org.br/informacoes/noticias_meio_ambiente_e_natureza/?53…

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