VOLTAR

Seis grandes bancos financiam petróleo na Amazônia, diz relatório

Valor Econômico - https://valor.globo.com/
11 de Jun de 2024

Seis grandes bancos financiam petróleo na Amazônia, diz relatório
As organizações pedem às instituições financeiras que apoiem o acordo global que visa proteger 80% da região

Alguns dos maiores bancos de Wall Street estão entre os principais financiadores de empresas de petróleo e gás que operam na floresta amazônica no Brasil, Peru, Colômbia e Equador, segundo um estudo realizado por uma organização ambiental.

O relatório, publicado pela Stand.earth, identifica seis bancos que diz serem responsáveis por quase metade de todo o financiamento direto a operações de petróleo e gás na Amazônia nos últimos 20 anos.

J.P. Morgan, Citigroup, Itaú Unibanco, Santander e Bank of America falharam em "lidar completamente com os impactos adversos de seu financiamento", disseram os pesquisadores. O sexto banco - o HSBC - foi destacado por uma reviravolta em suas políticas.

"A maioria desses bancos afirma defender os direitos humanos e a proteção ambiental, mas, com exceção do HSBC, continuam a financiar as operações de empresas estatais e privadas de petróleo e gás no Brasil, Peru, Colômbia e Equador", afirma o relatório.

Um porta-voz do J.P. Morgan disse que o banco apoia os direitos humanos e faz uma triagem para identificar "atividades de negócios sensíveis". Representantes do Citigroup e Bank of America referiram-se às suas mais recentes políticas de gestão de risco, que especificam requisitos de auditoria e explicam o que é esperado dos clientes.

O Itaú Unibanco disse está trabalhando para lidar com o a questão do desmatamento. Um porta-voz do Santander disse que o banco entende "plenamente a importância de proteger a Amazônia" e está trabalhando com os clientes.

Um porta-voz do HSBC, que cessou o financiamento de projetos de petróleo e gás na Amazônia em 2022, disse que a abordagem do banco é focar na redução de emissões e apoiar os clientes em atingir resultados na transição energética.

Os bancos começaram a formular políticas de risco ambiental e social limitadas para reduzir impactos significativos, de acordo com a Stand.earth e a Coordenação de Organizações Indígenas da Bacia do Rio Amazonas (COICA), que representa mais de 500 povos indígenas.

Em alguns casos, a área física para a qual a triagem se aplica representa menos de um quinto da Amazônia, estimam os autores do relatório. Algumas transações são estruturadas de uma forma que as torna mais difíceis de rastrear, disseram também os autores do relatório. Muitos empréstimos são sindicalizados e o nível de "due diligence" (auditoria completa) na condução é frequentemente reduzido.

"Há uma verdadeira falta de transparência nos dados", disse em entrevista Angeline Robertson, autora do relatório e pesquisadora da Stand.earth. Ela e seus colegas fazem um apelo aos governos da região para que aprovem regulamentações mais rigorosas.

O alerta surge em um momento em que as temperaturas globais ultrapassam os recordes anteriores, empurrando a região de nove países que constitui a Amazônia mais perto do colapso ambiental. A degradação da Amazônia disparou nos primeiros quatro meses deste ano devido ao aumento de incêndios e à falta de monitoramento preventivo, segundo dados recentes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

As organizações pedem aos bancos que apoiem o acordo global que visa proteger 80% da Amazônia. "Estamos literalmente vivendo em uma floresta tropical em chamas, nossos rios estão poluídos ou secando", disse Fany Kuiru, coordenadora-geral da COICA, em comunicado. Os bancos globais "devem ser responsabilizados."

https://valor.globo.com/financas/noticia/2024/06/11/seis-grandes-bancos…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.