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Vôo longe da extinção

O Globo, Ciência, p. 39
26 de Jul de 2007

Vôo longe da extinção
Após quase desaparecer nos anos 80, arara-azul-de-Lear é salva

Carlos Albuquerque

Tempo aberto para a arara-azul-de-Lear. Em vias de extinção na década de 80, quando sua população chegou a ser estimada em apenas 70 animais, a ave, considerada uma das mais belas e raras do mundo, teve um crescimento espetacular nos últimos anos e já pode ser considerada fora de perigo. Segundo especialistas, a razão dessa mudança de rumo foi a proteção da sua principal área de reprodução, na região da Caatinga baiana.

- A proteção do ambiente natural da arara, especialmente as áreas de dormitório e reprodução, contribuiu significativamente para a recuperação da espécie - explica Eduardo Figueiredo, coordenador do Programa de Conservação da Arara-azul-de-Lear, feito pela ONG Biodiversitas, em parceria com a ONG americana American Bird Conservancy (ABC).

A mais recente contagem dessas aves de bela plumagem, realizada na Estação Biológica de Canudos, apresentou um número aproximado de 750 indivíduos. Eles foram identificados enquanto voavam dos paredões de arenito, que são usados como dormitório, em direção às áreas de alimentação mais próximas, as palmeiras licuri.

A arara-azul-de-Lear é endêmica da região de Canudos e Jeremoabo, na Bahia (ou seja, só existe nessas áreas). Ela era ameaçada pela ação de caçadores e traficantes de animais silvestres.

- A caça sempre foi um fator de ameaça para a arara - conta Figueiredo.

Outro fator que ajudou na recuperação da população dessas araras foi a educação ambiental, feita junto à comunidade local.

- A arara utiliza uma grande área para se alimentar, podendo voar até 100 quilômetros em busca de comida. A proteção desta área só pode ser feita com a participação da comunidade local. A educação ambiental é uma ferramenta valiosa para incutir na sociedade valores e sentimentos de orgulho e identificação em relação à ave.

De acordo com Figueiredo, a preservação da arara-azul-de-Lear, através também da expansão da Estação Biológica de Canudos, que teve o seu tamanho ampliado em dez vezes, tem efeitos benéficos para outras espécies ameaçadas na região, como o beija-flor-rabo-de-tesoura e a codorna-buraqueira.

- A conservação da arara-azul-de-Lear tem como conseqüência a preservação do ecossistema a ela associado. Isso acaba influenciando diretamente na preservação da biodiversidade local.

O Globo, 26/07/2007, Ciência, p. 39

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