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Vocês deputados que roubam dinheiro, diz indígena Tuíra Kayapó para Medeiros veja

RD news https://www.rdnews.com.br
28 de Abr de 2019

Acostumado a atacar seus adversários políticos para defender o Governo Jair Bolsonaro (PSL), o deputado federal José Medeiros (Podemos) teve uma resposta à altura dada pela liderança indígena Tuíra Kayapó. Em uma audiência pública na Câmara Federal, nesta semana, por ocasião do Acampamento Terra Livre, que reunião mais 4 mil indígenas em Brasília entre quarta (24) e sexta (26), ele defendeu abertamente os interesses econômicos do governo sobre as terras indígenas.

"Tem malandro ganhando dinheiro em cima dos índios. Os índios estão em cima de jazidas das quais não pode tirar o diamante, tem madeira da qual não pode fazer o manejo, tem terra da qual não pode fazer agricultura", disparou o parlamentar quando foi interpelado pela liderança indígena Tuíra Kayapó, que se levantou e começou a cantar na língua de sua etnia.

Em seguida, a indígena se colocou em frente ao deputado e com o dedo em riste disse-lhe o posicionamento dos povos nativos. "Deputado, ouça as minhas palavras. Eu sou Kayapó, tem que ouvir minhas falas. Fiquei ouvindo você falar do dinheiro, e agora vou falar pra você. São vocês aqui deputados que estão roubando o dinheiro. Não foram nós Kayapós que roubaram o dinheiro. É aqui nesta Casa que vocês deputados desviam o dinheiro".

Tuíra defendeu que não são os povos indígenas que estão vendendo o minério, e sim os "brancos" que "gostam de extrair minério". "Deputado, leva minha mensagem para o seu chefe nos respeitar. Tem que respeitar a nossa Funai. Deixa a Funai inteira para nós. A Funai é nosso órgão há muito tempo, por isso, defendemos, deixa inteira pra nós".

"A Funai é nosso órgão há muito tempo, por isso, defendemos, deixa inteira pra nós" Tuíra Kayapó
A líder também defendeu a saúde. "Não fiquem bagunçando nossa saúde indígena. Deputado, deixa a nossa saúde do jeito que está. Para que possamos defender as nossas coisas, mata, rio, Funai, Saúde entre outras", pontou.

Esta e a segunda vez na mesma semana, que Medeiros se envolve em situações embaraçosas, tudo para defender o presidente Bolsonaro. Na quarta (24), o deputado quase entra em vias de fato contra o colega de Parlamento, Aliel Machado (PSB-PR), que se utilizou de uma reportagem do Jornal Folha S. Paulo para acusar o presidente de comprar votos favoráveis pela aprovação da Reforma da Previdência, pagando R$ 40 milhões em emendas parlamentares, a cada voto pela aprovação.

Já o movimento Acampamento Terra Livre é realizado desde 2004, e reúne anualmente milhares de indígenas de todo o país, em Brasília, para reivindicar demarcação de terra. Este ano, em razão das políticas do Governo Bolsonaro, que sinalizam liberar terras indígenas para exploração econômica, assim como o enfraquecimento da Funai e da política de saúde pública indigenista, o movimento reuniu recorde de público com mais de 4 mil participantes.

Outro lado

O deputado José Medeiros se posicionou em relação à audiência pública na qual foi confrontado pelas lideranças indígenas. "Eu participei da audiência, obviamente com público contrário a qualquer entendimento que possa libertar os índios desse julgo. ONGs que trazem milhões para o Brasil, e esse dinheiro não vai para os índios. Eu não estava fazendo alusão. Boa parte das aldeias em Mato Grosso e no Brasil, o que se vê é alcoolismo, drogas e fome. E o que eu defendi é o seguinte: existem aldeias onde os indígenas querem produzir, plantar, tirar seu sustento da terra".

O deputado criticou o posicionamento das lideranças indígenas. "Eles usam essa senhora lá (Tuíra Kayapó), que é uma figura caricata, que entendeu muito bem o que eu falei em Português, mas ela se mete a falar em Kaiapó para chamar atenção. É um circo armado. É um teatro. Eu não estou lá para agradar ninguém. Estou lá para agradar Mato Grosso. Agora se continuar essas coisas, essas mesmas pessoas que estão defendendo que eles devem produzir nada econômico, são os mesmos que apoiam que os índios invadam as rodovias para cobrar de pedágio a cada carro que passa, R$ 50. Se não quer o econômico, pra quê pedágio então?".

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