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As vítimas do agrotóxico

O Globo, Economia, p. 37-39
29 de Ago de 2004

As vítimas do agrotóxico

Especialista da Unicamp estima que há 1,5 milhão de trabalhadores intoxicados no país
Sebastião da Silva Filho tem 46 anos e desde os 21 trabalha na lavoura. Durante todo esse tempo, nunca usou luvas, máscara ou avental para se proteger dos efeitos nocivos dos agrotóxicos nas videiras em São Paulo, onde trabalha. O hábito lhe causou problemas crônicos como fadiga, dor de cabeça, câimbras e olhos irritados.
- A gente pensa que só faz mal para os outros, não para a gente - lamenta Sebastião, que começou seu tratamento em julho passado.
O drama de Sebastião atinge, no mínimo, 1,5 milhão de trabalhadores rurais no Brasil, pelas estimativas do professor e médico Angelo Trapé, coordenador do Programa de Vigilância da Saúde das Populações Expostas a Agrotóxicos da Universidade de Campinas (Unicamp). Durante três anos, médicos e estudantes do programa investigaram 2.500 trabalhadores na área metropolitana de Campinas. Na apuração, detectou-se que 7,5% desses agricultores apresentavam efeitos adversos relacionados à exposição prolongada aos venenos.
- São problemas renais, dermatológicos, neurológicos, hepáticos, gastrointestinais. Apresentam intoxicação crônica ou efeitos adversos que precisam de afastamento da lavoura e tratamento - afirma o professor da Unicamp, que há 28 anos pesquisa os efeitos dos venenos na saúde do trabalhador.
Pelas contas do médico, considerando uma população de 20 milhões de trabalhadores rurais, 7,5% estariam nas mesmas condições. O que, na avaliação do professor, é uma estimativa conservadora:
- Se em Campinas, onde o trabalhador tem mais acesso à informação sobre uso do agrotóxico, 7,5% dos expostos têm efeitos adversos, em regiões mais pobres, onde o acesso à informação é difícil, a situação pode ser pior - alerta Trapé.
O professor diz ser importante um programa de vigilância nos municípios para monitorar a saúde do trabalhador rural:
- O acompanhamento poderá evitar as intoxicações crônicas. Se o trabalhador for afastado da lavoura e receber tratamento, fica curado. O governo deveria ter controle rígido sobre a venda dos agrotóxicos e obrigar o fornecimento dos equipamentos de proteção individual.
O número estimado pela Unicamp não surpreendeu a médica sanitarista da Fundacentro, órgão do Ministério do Trabalho, na Bahia, Letícia Nobre. Ela diz que o total pode ser até maior, diante da subnotificação de casos de intoxicação no Brasil:
- O uso de agrotóxicos e seus impactos na saúde configuram um grande problema de saúde pública.
Tanto que o Ministério da Saúde tornou obrigatória a notificação de intoxicações por substâncias químicas, incluindo agrotóxicos.
Mesma opinião de Letícia tem a médica e coordenadora da Saúde do Trabalho da Secretaria estadual de Minas Gerais, Jandira Maciel, que há dez anos estuda os efeitos do uso de veneno na saúde do trabalhador:
- Se pensarmos que a tecnologia no mundo rural é o agrotóxico, podemos concluir que a estimativa do professor é até conservadora. A projeção é, no mínimo, real.
E os efeitos dos agrotóxicos aparecem cedo. Francisco Nunes da Silva tem só 18 anos, mas após oito anos de trabalho em plantações de fumo, milho e rosas em São Paulo apresenta um histórico clínico igualmente preocupante. Ele se queixa de tosse e alergia nas mãos e no peito.
Sebastião e Francisco fazem parte de um grupo que cresce na mesma medida do avanço da indústria química (a produção de agrotóxicos cresceu 11,6% de janeiro a junho deste ano, segundo o IBGE). Sebastião conta que é o único de quatro funcionários de uma plantação de videiras que não usa o equipamento de segurança. Seu exemplo é extremo. No caso de Francisco, o uso do equipamento não foi suficiente. Há um ano, ele deixou Alagoas para se empregar no corte de rosas em uma fazenda de Holambra, famosa por produzir e vender flores em qualquer estação do ano. Francisco usa luvas de couro e um avental especial, mas diz que sempre chega ao fim do dia ensopado de veneno:
- Vai uma pessoa na minha frente pulverizando o agrotóxico e eu atrás, cortando a rosa - explicou.
A empresa de Francisco foi uma das visitadas em julho por médicos da Unicamp que, mensalmente, escolhem uma região para inspecionar. Um teste de sangue permite verificar se a exposição ao agrotóxico diminuiu a ação de uma enzima chamada colinesteraze, importante na transmissão de impulsos nervosos entre as células. Reclamações como dor de cabeça constante, garganta seca e olhos irritados também são considerados na hora do diagnóstico.
Segundo Jandira Maciel, de Minas Gerais, há várias doenças relacionadas à exposição prolongada ao agrotóxico, como cânceres, problemas no sistema nervoso central e periférico e alterações no sistema imunológico:
- O sistema dos trabalhadores expostos ao veneno tem uma resposta aquém da esperada.
Tratorista de profissão, Paulo Freitas, de 42 anos, chegou a ficar um mês longe de agrotóxicos. Foi uma etapa sem o desconforto de enjôos, tonturas e descontrole emocional.
- Ficava nervoso e irritado por qualquer coisa - conta ele, que teve de retomar o tratamento porque os sintomas reapareceram.
Um dos casos mais graves é de Josélia da Silva, de 17 anos, que passou toda a gravidez no roçado no meio de agrotóxicos, no Agreste pernambucano. O bebê nasceu com uma doença rara, de difícil diagnóstico, e terminou morrendo no mês passado.
Há estudos sobre ligação do veneno com depressão e suicídios
Efeitos emocionais causados pela exposição estão sendo estudados. Letícia Nobre diz que a situação é mais perversa quando se olha o número de suicídios com agrotóxicos:
- Há estudos para ver a relação do veneno com depressão e surtos de alucinação. Como com uma mudança climática o produtor pode perder tudo, se ele sofrer de depressão pode se suicidar, e com agrotóxicos. São venenos altamente letais.

O avesso do campo: Numero não chegaria a seis mil trabalhadores atingidos
Notificações oficiais ainda são poucas, admitem entidades ligadas a fabricantes
Setor mais atingido por agrotóxico seria o de agricultura familiar, diz CNA
BRASÍLIA. Entidades ligadas a produtores e fabricantes de agrotóxicos reconhecem que a estimativa de 1,5 milhão de casos de intoxicação no campo - como aponta o estudo da Unicamp - é alarmante. Porém, alegam, os únicos dados de que essas entidades dispõem são registros oficiais que apontam para a existência de cerca de seis mil trabalhadores contaminados em todo o país.
- Esse número preocupa. Mas nós não estamos recebendo notícias de que isso estaria ocorrendo - afirma o diretor-técnico de Regulamentação e Registro da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), Marcos Caleiro, reconhecendo que o número de notificações de casos ao governo é muito baixo, o que pode distorcer o retrato da situação no campo.
Para o vice-presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Rodolfo Tavares, o número de trabalhadores intoxicados devido ao mau uso de agrotóxicos é elevado, principalmente na agricultura familiar. Segundo ele, esses trabalhadores utilizam geralmente instrumentos costais (presos ao corpo), com sistema de bombeamento manual e não usam equipamentos de proteção individual. O problema é mais grave na cultura do tomate.
- Creio que a parte mais prejudicada com a utilização de defensivos agrícolas é a agricultura familiar - afirmou Tavares, acrescentando que o risco é mais reduzido entre os grandes agricultores devido à utilização de máquinas modernas, com exigências específicas para operadores e aplicadores de produtos.
Anvisa faz classificação das substâncias
O dirigente da associação dos produtores explicou que, embora a lei só permita a venda de agrotóxicos com a receita de um engenheiro agrônomo, os trabalhadores não costumam ler e seguir a bula na hora de aplicar o produto.
- Além de prejudicar a saúde, esse hábito pode levar à contaminação do meio ambiente. A maior segurança do usuário é ler a bula.
As empresas fabricantes de agrotóxicos cumprem regras do governo para vender esse tipo de produto, disse Caleiro. Ele explicou que a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) faz uma classificação toxicológica da substância e elabora as orientações sobre o uso, que devem constar do rótulo do produto em lugar visível.
Para enfrentar o problema, Caleiro defende maior fiscalização do trabalho no campo, além mais programas de treinamento dos engenheiros agrônomos (há 150 mil treinados), considerados multiplicadores de informação. A CNA informou que em setembro começa a treinar e capacitar 4.300 técnicos em segurança e saúde na área rural. A iniciativa conta com a parceria do Ministério do Trabalho e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).

Na terra do tomate, o agrotóxico
Trabalhadores rurais evitam falar em intoxicação
Paty do Alferes, a cidade do tomate no Sul fluminense, convive há décadas com os agrotóxicos. Os venenos ficam em caixas empilhadas nas plantações do fruto muito sensível a pragas, portanto um dos que mais recebe agrotóxicos. O cheiro forte contamina o ambiente, mas os trabalhadores não reclamam. Edson Vander da Costa Lima diz que usa máscara, calças e avental impermeável:
- Nunca tive problemas - afirma.
Marçal Antonio de Santana Filho, de 46 anos, que trabalha na lavoura desde os 11, não tem o rigor do colega. Usa apenas a máscara. Ele reclama que a roupa é muito quente para usar debaixo do sol forte.
- Já vi pessoas reclamando, mas nunca senti nada - afirma, acrescentando que um dia pretende largar a lavoura - Mais tarde posso ter problemas. A gente usa cada vez mais veneno, porque as pragas vão ficando mais resistentes - afirma.
Fortunato Delgado, engenheiro agrônomo da Secretaria municipal de Agricultura, vê nos rostos os efeitos dos agrotóxicos: envelhecimento precoce e dificuldade de respirar:
- Mas é muito difícil o agricultor admitir que já se intoxicou. Há uma dependência financeira, são empregados ou meeiros.
Hilda de Oliveira Araújo, aos 47 anos, ganha R$ 12 por dia e reclama de dor de cabeça quando colhe o fruto logo depois da aplicação do veneno. Ela tira o tomate poucas horas depois da pulverização quando a orientação dos agrônomos é de que se permaneça, pelo menos, sete dias afastado:
- Já soube de pessoas que foram parar no hospital - diz Hilda.
Ivone de Abreu, o marido e três filhos trabalham com tomate. Segundo ela, apenas um filho usa o equipamento de proteção. Os outros ainda esperam que o patrão forneça.
- A roupa do meu marido vem encharcada. Lavo sempre separada do resto da roupa da casa - afirma Ivone.
Para reduzir o uso dos venenos nas lavouras, a prefeitura vem estimulando a agricultura orgânica e mantendo um sistema integrado de controle de pragas.

Ministério diz que a fiscalização do trabalho rural é prioridade
Foram 2.345 autuações na área de segurança e saúde em 2003
A combinação de grande informalidade no mercado e insegurança na atividade no campo fez o Ministério do Trabalho e Emprego estabelecer como meta nacional prioritária a fiscalização do trabalho rural. Em 2003, das 2.345 autuações impostas aos empregadores no campo na área de segurança e saúde, 20% foram por falta de equipamento de proteção individual, 12% por não realização de exames médicos e 3,3% por problemas no armazenamento, manipulação e utilização de agrotóxicos. Estabelecer como meta significa que uma parcela dos ganhos dos auditores fiscais fica condicionada ao alcance dos objetivos estipulados.
- A informalidade elevada e o grande número de acidentes fizeram o ministério considerar o trabalho rural uma prioridade - explicou Rinaldo Marinho Lima, coordenador geral de Fiscalização e Projetos, do Departamento de Segurança e Saúde do Trabalho do ministério.
No Rio, DRT obrigou o treinamento na cana
Segundo ele, apesar de os agrotóxicos aparecerem com percentual baixo entre as autuações, a falta de equipamento e de exames também estão relacionados à saúde do trabalhador. Lima informou ainda que, até o fim do ano, será publicada uma nova norma para ordenar as condições de segurança do trabalho no campo:
- A norma é mais moderna e ampla, evitando que o patrão tente derrubar as autuações.
No Rio, a Delegacia Regional do Trabalho (DRT) conseguiu que as usinas da Região da Cana, no Norte fluminense, treinassem 500 trabalhadores rurais. Segundo Lívia Santos Arueira, chefe da Seção de Segurança e Saúde da DRT, só será permitida que a aplicação de agrotóxicos seja feita por esses trabalhadores:
- Além disso, obrigamos que os exames clínicos sejam realizados de três em três meses, reduzindo à metade o tempo de avaliação do trabalhador. (Cássia Almeida)

Cuidados a tomar
Intoxicação aguda:
A bióloga Gisélia Rubio, chefe da divisão de zooneses e intoxicação da secretaria estadual da Paraná, afirma que a primeira providencia a se tomar quando se verifica os sintomas da intoxicação (dos de cabeça mal -estar, pressão no peito visão turva, suores, vômitos e diarréia) é ir direto ao médico não dar leite ele pode aumentar a absorção do veneno pelo organismo.
Cuidados em casa:
A roupa deve ser trocada logo após a aplicação dos agrotóxicos e não deve ser lavada junto com as outras roupas da família. O agricultor deve evitar barba, bigode e cabelo comprido que aumentam a absorção do produto.
Equipamentos:
O equipamento de proteção individual adequado é máscara, calça, avental impermeável e luvas. A aplicação deve ser no início da manhã ou no fim da tarde.

O avesso do campo: Procuradoria diz que há exposições diárias de 8 horas ao veneno, acima do limite de 4 horas
O drama de três gerações de trabalhadores
Em Pernambuco, uso de agrotóxicos sem proteção leva à amputação de pernas de agricultor e até a morte de bebê
SÃO JOAQUIM DO MONTE (Pernambuco). Irineu Virgínio dos Santos, Josélia Maria da Silva e Tiago Késio da Silva são três gerações que representam a face mais dramática da mesma tragédia causada por uso indiscriminado e manipulação indevida de agrotóxicos: eles enfrentam ou enfrentaram problemas graves e irreversíveis de saúde. Irineu, de 82 anos, terminou com as pernas amputadas após "conviver mais de 40 anos com o veneno". Josélia, de 17 anos, passou nove meses da gravidez no roçado no meio de agrotóxicos. O seu bebê nasceu com uma doença rara, de difícil diagnóstico e terminou morrendo no mês passado. O caso mobilizou pesquisadores e médicos de universidades de Pernambuco e São Paulo e é atribuído "à relação da mãe com agrotóxicos" na Procuradoria Regional do Trabalho.
Pesquisa mostra efeito sobre audição de trabalhadores
Irineu trabalhou no roçado desde os sete anos e virou símbolo dos efeitos do agrotóxico em Camocim de São Félix, a 123 quilômetros de Recife. Primeiro plantador de tomate do município, ele usava agrotóxicos sem proteção e às vezes até com as mãos. A pele das pernas e dos braços apresentou feridas que se agravaram e ele terminou amputando os membros inferiores, após percorrer hospitais de Recife e São Paulo.
- Os médicos disseram que isso foi resultado de tantos anos junto de agrotóxico. Esse veneno é feito o câncer. Achava que só fazia mal a bichos, mas deu queimadura na mão, no pé e na perna - lembra ele em sua cadeira de rodas.
O caso de Josélia também é dramático. Ela e o marido Késio, de 20 anos, moradores da fazenda São José, em São Joaquim do Monte (a 137 quilômetros de Recife) ganham R$10 de diária trabalhando no cultivo de tomates e outras hortaliças. Em agosto de 2002, ela teve Tiago após passar a gestação no serviço do roçado, ajudando o marido a aplicar agrotóxico. O bebê passou um ano e dez meses entre hospitais de São Joaquim, Caruaru e Recife e sua doença foi diagnosticada como bronquiolite folicular, uma enfermidade rara que provoca imunodeficiência e infecções. O caso foi examinado por especialistas da Universidade Federal de Pernambuco e da Escola Paulista de Medicina e encaminhado para publicação científica como primeira ocorrência da doença no país relacionada com uso de veneno.
Ficou evidenciada "a relação da doença com o contato da mãe com agrotóxico, já que os sintomas começaram com o nascimento", diz o processo em tramitação na Procuradoria Regional do Trabalho, em Recife.
- A gente sabe que o veneno faz mal, mas precisamos trabalhar e ninguém dá equipamento de proteção na região - diz Késio. Procurado, o proprietário da fazenda onde eles trabalham não foi encontrado.
O drama de Irineu, do casal e do pequeno Tiago não é exceção. Em Camocim de São Félix, produtor de tomate, o índice de pessoas com deficiência é grande, indicando estreita ligação com agrotóxicos, diz a procuradora do Trabalho Maria Auxiliadora de Souza Sá, relatora do Fórum Pernambucano de Combate aos Efeitos de Agrotóxicos na Saúde.
- A quantidade de pessoas com problemas físicos e mentais na cidade é absurda, observa-se até em cultos e romarias - diz o frade carmelita Geraldo Dantas de Santana, do Convento da Paz, onde há um museu com fetos deformados.
- No sertão a situação também é grave. Há trabalhadores sujeitos a exposições prolongadas de oito horas quando o convívio diário com o veneno não deve passar de quatro - afirma a procuradora.
Uma pesquisa das cientistas Cleide Teixeira, Lia Giraldo e Thais Morata em Pernambuco indicou perda auditiva em 63,8% de 98 pessoas que tinham contato com inseticidas.
Procuradoria e universidade investigam novos suicídios
A Procuradoria do Trabalho também investiga motivos que têm levado agricultores sertanejos a suicídios com freqüência, porque há suspeita de problemas nervosos devido ao convívio com o veneno. Segundo Oscar Coutinho, coordenador do Centro de Referência de Diagnóstico de Doenças Relacionadas com Trabalho da Universidade Federal de Pernambuco, os suicídios podem estar relacionados com o uso de agrotóxicos, pois organofosforados prejudicam o sistema nervoso central e causam depressão.
Na lavoura açucareira, na Zona da Mata, também é difícil observar as normas de segurança, como em Ipojuca, a 70 quilômetros de Recife.
- As leis estabelecidas em convenção são satisfatórias, o que falta é cumpri-las - diz José Rodrigues, secretário da Federação dos Trabalhadores de Agricultura.

Corpo a Corpo

Guilherme Pedro Neto

Na luta contra o veneno

Diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Guilherme Pedro Neto tenta conscientizar o produtor rural sobre os riscos dos agrotóxicos.
O Globo: O uso de agrotóxicos tem aumentado no país?

Pedro Neto: Conforme aumenta a produção agrícola, mais agrotóxicos são usados. E não há treinamento sobre o uso do veneno.

Quais são as culturas que mais usam o produto?

Pedro Neto: No cultivo de hortifrutigranjeiros, onde a aplicação é individual, com o trabalhador carregando nas costas a bomba de aplicação. Nas lavouras de tomate, morango e batata se usa mais veneno.

Quando a aplicação é feita por trator ou avião, a situação melhora?

Pedro Neto: O piloto de avião vai todo paramentado, mas, logo depois da aplicação, vêm os trabalhadores para mexer na lavoura.

É fácil comprar agrotóxicos no Brasil?

Pedro Neto: Seria preciso receita do agrônomo. Mas já vi vendedor passar o produto no corpo para mostrar que não há perigo.

O Globo, 29/08/2004, Economia, p. 37-39

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