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27 de Jun de 2008
Um festival de grandes proporções. Assim tem sido o Vídeo Índio Brasil (VIB) na descrição dos convidados que participam das atividades. Só mesmo um projeto deste porte é capaz de reunir em uma mesma sala de cinema nomes como Daniel Munduruku, Divino Tserewahú, Armando Lacerda, Joel Pizzini, Maria Morales, além de uma platéia repleta de indígenas vindos de diferentes aldeias como Lalima, Água Bonita, Cachoeirinha e Tékoe.
Em discussão Os Povos Indígenas no Cinema Brasileiro. Foram exibidos os filmes "Xiná Bena - Novos Tempos", de Zezinho Yube e "O Estado do Índio", de Ricardo Pieretti Câmara. O primeiro filmado através do projeto Vídeo nas Aldeias sob o olhar de um indígena e o segundo produzido por um não-índio (denominação usada pelos 'mundurukus' para designar um branco).
O que fica evidente nas produções é o tipo do olhar. Segundo o filósofo Daniel Munduruku, que participou do bate-papo, enquanto o homem se preocupa em registrar tudo por achar exótico, o índio se preocupa apenas em filmar o que é mais relevante. Sem rodeios. A coordenadora do VIB, Luana Salomão, mediou a discussão e inclusive compartilhou com a platéia o enriquecimento que esta experiência está proporcionando.
Atento na platéia, o cineasta Joel Pizzini disse que não se recordava de um evento desta grandiosidade desde a década de 80, época em que foi realizado um seminário no Estado que contou com a presença do então líder indígena, Marçal de Souza. "A pergunta que eu me faço é, o que foi feito da década de 80 até 2008?".
Hoje é a vez da mostra exibir, às 18 horas, os filmes "Imbé Gikegü - Cheiro do Pequi", de Tarumã e Maricá Kuikuro e "Boe Ero Kurireu", dirigido por Paulinho Kadojeba. Após a exibição haverá debate como diretor Paulinho Kadojeba (Bororo/MT) e Vincent Carelli, idealizador do prestigiado projeto Vídeo nas Aldeias (PE). A mediação ficará a cargo do produtor cultural e diretor presidente da Associação dos Amigos do CineCultura(MS).
Encerrando as atividades do dia, o público poderá conferir, às 20 horas, o longa-metragem "Avaeté - A Semente da Vingança". Produzido em 1985, a direção é de Zelito Viana. Com 110 minutos, o longa narra um massacre de índios onde uma criança sobrevive. Mesclando seus anseios de vingança ao choque cultural pelo qual passa em sua juventude, emerge na história um painel informativo e dramático sobre o Brasil.
Sobre o Vídeo nas Aldeias
O Projeto Vídeo nas Aldeias promove, há quatorze anos, o encontro do índio com a sua imagem. A proposta é tornar o vídeo um instrumento de expressão da sua identidade, refletindo a sua visão sobre si mesmo e sobre o mundo. Ao equipar comunidades indígenas com aparelhos de vídeo, o projeto estimulou intercâmbio de imagens e informações entre os povos.
A formação dos realizadores indígenas foi feita, inicialmente, de aldeia em aldeia, produzindo registros para o uso interno. Hoje, através de oficinas nacionais e regionais, eles aprendem e discutem, juntos, como falar da sua realidade para o seu povo e para o mundo. Seus documentários tratam de temas que as comunidades consideram importantes. O acervo do projeto conta com um conjunto de documentários produzidos pela equipe de formadores e pelos realizadores indígenas
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