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Vegetacao costeira evitou tragedia maior no tsunami

OESP, Vida, p.A28
29 de Out de 2005

Vegetação costeira evitou tragédia maior no tsunami
Estudo mostra que onde havia mangue e árvores a devastação não foi tão extensa
A destruição das vilas asiáticas pelo tsunami em dezembro de 2004 poderia ser menor se a vegetação costeira tivesse sido mantida, sugere um grupo de pesquisadores na edição de ontem da revista Science (www.sciencemag.org). Eles estudaram a região e observaram que, onde havia mangue e plantações de árvores no litoral, a devastação não foi tão extensa quanto em áreas já totalmente desmatadas.
O artigo indica que a vegetação litorânea reduziu a amplitude da onda e sua energia. A equipe estima que 30 árvores por 100 m2, formando um cinturão verde de 100 metros de largura, podem reduzir a pressão do tsunami em mais de 90%. Um exemplo é o distrito indiano de Cuddalore, que possui áreas verdes e outras desmatadas: onde havia mangue ou plantações de casuarina, um tipo de árvore litorânea, a destruição foi muito menor do que onde não havia mais plantas.
Segundo a bióloga Maryse Nogueira Paranaguá, da Universidade Federal Rural de Pernambuco, outros estudos em escala menor, até mesmo na costa brasileira, mostram que os manguezais são importantes para proteger a terra da ação do mar. "Aquelas raízes próprias dos mangues, que se abrem, servem como uma barreira de proteção contra a maré a o vento", explica. "Por isso, não adianta ter uma parte da frente exuberante e verde, mas estreita, com as costas do mangue totalmente devastada."
PERIGO
Os manguezais são um dos ecossistemas mais ameaçados do mundo. Nos países mais afetados pelo tsunami, o bioma foi reduzido em 26% pela atividade humana: de 5,7 milhões de hectares em 1980, a área passou a 4,2 milhões em 2000.
Um consórcio internacional tenta montar atualmente um sistema de detecção e alerta de futuros tsunamis, para tentar evitar a tragédia ocorrida em 26 de dezembro de 2004, quando mais de 300 mil pessoas morreram.
O grupo que escreve na Science, formado por cientistas europeus e asiáticos, defende que o reflorestamento de áreas degradadas e a conservação da vegetação que ainda existe também devem ser considerados pelos governos locais como forma de proteção da população - além de oferecerem outros benefícios, como um aumento da população de peixes, que encontram mais alimentos perto dos mangues.

OESP, 29/10/2005, p. A38

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