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Vamos ser parte da solução, afirma brasileiro

FSP, Ciência, p. A14
07 de Nov de 2009

"Vamos ser parte da solução", afirma brasileiro

Em Barcelona

O governo brasileiro rebateu ontem as cobranças para que apresente suas metas para diminuir o crescimento das emissões de gases-estufa.
"Vamos ter nossas ações, e serão ambiciosas", afirmou o chefe da delegação brasileira em Barcelona, o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado. "Vamos ser parte da solução, não do problema."
Na véspera, o principal funcionário das Nações Unidas para o clima havia cobrado do Brasil um número que representasse o compromisso do país. Ontem, Yvo de Boer insistiu no pedido ao falar das ações propostas pelos grandes países em desenvolvimento ("Não está suficientemente claro").
Quem também veio a público cobrar uma definição do Brasil foi o governo dos EUA -país que também não assumiu ainda um compromisso numérico para Copenhague.
"O Brasil tem dado passos interessantes", afirmou o representante americano, Jonathan Pershing. "Como esses passos vão se refletir aqui? Isso ainda está para ser visto."

Tango
Os europeus, em suas declarações finais em Barcelona, também martelaram o mesmo pedido ao grupo integrado pelo Brasil. "São necessários dois para dançar tango. O que os países em desenvolvimento querem fazer? Precisamos ver mais", disse o negociador-chefe da Comissão Europeia, Artur Runge-Metzer. "Não se pode ficar no córner e esperar o outro se movimentar."
A União Europeia apresentou um número. Fala em reduzir até 2020 suas emissões em 20% em relação ao nível de 1990 -e promete chegar a 30% a depender do tipo de acordo ("O resto do mundo precisa nos convencer de que devemos fazer mais", diz o negociador europeu). O Brasil e os demais países em desenvolvimento consideram a oferta insatisfatória. Pedem 40%.
Já os americanos ainda não mostraram nada, e nem dão sinal de que vão fazê-lo. "Os Estados Unidos ainda não têm acordo em casa. Queremos um acordo antes de nos movermos na cena internacional", disse o negociador americano.
Ele indicou a faixa que está sendo discutida em projetos no Congresso (17% a 20% de redução até 2020, em relação ao nível de 2005) como o máximo de compromisso que o país quer assumir agora. "Não penso que os outros países precisem de mais informação."
A meta americana, como enunciada por Pershing, na prática equivale a um corte de no máximo 3% a 4% em relação a 1990. É menos do que o país deveria reduzir caso não tivesse saído do acordo de Kyoto.
Assim como outros países subdesenvolvidos, o Brasil culpa os ricos pelo impasse. "O problema hoje são aqueles países que, por responsabilidade histórica, têm obrigação de reduzir a crise do clima", afirmou Figueiredo. (RD)

FSP, 07/11/2009, Ciência, p. A14

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