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Vale reduz investimentos em 11% e diz ter dificuldades em obter licenças ambientais

OESP, Economia, p. B1, B3
29 de Nov de 2011

Vale reduz investimentos em 11% e diz ter dificuldades em obter licenças ambientais

Luciana Antonello Xavier
Correspondente / Nova York

O plano de investimentos da Vale, maior exportadora brasileira e o segundo maior grupo de mineração do mundo, vai encolher cerca de 11% em 2012, para US$ 21,4 bilhões. A cifra, ainda vultosa, mas inferior à prevista no início do ano para 2011, foi anunciada ontem em Nova York e abre temporada de mais cautela da empresa.
O presidente da mineradora, Murilo Ferreira, disse que a Vale terá "mais disciplina e precisão na alocação de capital" para evitar expectativas que não se cumprem, por exemplo, por questões ambientais.
Ferreira capitaneou uma equipe de executivos da empresa que participou ontem do "Vale Day", na Bolsa de Nova York e, ao anunciar a redução na previsão de investimentos - como havia antecipado o Estado -, evitou vincular a mudança diretamente à crise mundial. E garantiu que a maior parte dos investimentos (71,5%) será alocada na expansão da própria produção, com ênfase para projetos no Brasil, praticamente afastando a possibilidade de grandes compras de empresas.
"Falando francamente, hoje não é fácil ir ao mercado e ter aquisições como eram feitas no passado", disse o executivo, citando compras como a de 2006, da canadense Inco, segunda maior produtora de níquel do mundo, por US$ 18 bilhões.
Antes do evento na Bolsa, os executivos participaram de teleconferência com analistas internacionais, que se mostraram preocupados com a demanda asiática, que determina o crescimento do setor. Recentemente, alegando dificuldade de atracação, a China impediu o desembarque de minério de um supergraneleiro da Vale, cuja carga foi desviada para a Itália.
O diretor de Minério de Ferro e Estratégia da Vale, José Carlos Martins, afirmou que o objetivo da mineradora brasileira é manter a participação mundial em minério de ferro. "Queremos manter a liderança no mercado e vamos fazer de tudo para isso."
Martins destacou que a empresa passa a ser "mais prudente em seus investimentos" e admitiu que a companhia enfrenta dificuldades em seus projetos, por causa de atrasos em licenças ambientais, falta de equipamentos e mão de obra especializada.
O diretor executivo de Finanças da companhia, Tito Martins, também ressaltou que fatores ambientais e falta de profissionais especializados como inibidores do crescimento. Por causa disso, a Vale decidiu que agora só inclui projetos que já tenham licenças aprovadas.
Ferreira admitiu que teve dificuldades com a estrutura da Vale deixada pela administração anterior. "A estrutura passa a ter responsabilidades bem definidas. Nesses seis meses, tive dificuldades de entender bem (a estrutura) e achei que deveríamos partir para uma coisa mais simples." Antes de Ferreira, o cargo era ocupado por Roger Agnelli. / COLABORARAM MÔNICA CIARELLI E GLAUBER GONÇALVES

Maior projeto da Vale é adiado em 2 anos
Novo plano de investimento para 2012 transfere para o segundo semestre de 2016 o início de operação de Serra Azul, em Carajás

Rio

O maior projeto da história da Vale e também da indústria global de minério de ferro foi adiado em dois anos. É o que mostra o plano de investimentos da mineradora para 2012 divulgado ontem.
A Vale estimou no fim do ano passado, ao anunciar seus investimentos para 2011, que Serra Azul, em Carajás, entraria em operação no segundo semestre de 2014. No plano divulgado ontem, informa que a produção deverá ser iniciada apenas no segundo semestre de 2016.
Com produção anual de 90 milhões de toneladas de minério de ferro, Serra Azul conta com investimentos estimados em US$ 8 bilhões, dos quais US$ 794 milhões deverão ser desembolsados no ano que vem.
Um atraso no projeto já era esperado por causa das dificuldades na obtenção de licenciamento ambiental. "Estamos investindo em serviços de terraplanagem e construindo a estrada de acesso, enquanto aguardamos a emissão das licenças ambientais", informou a companhia em comunicado ao mercado. No plano de investimentos, a Vale citou a previsão de obtenção de licenças para os principais projetos.
A licença prévia para Serra Sul é esperada para o primeiro semestre de 2012, enquanto a de instalação deverá ser emitida no primeiro semestre de 2013. "O projeto fica em uma região ambientalmente sensível e temos de dar todo o respeito que o meio ambiente merece em plena floresta amazônica", afirmou Murilo Ferreira em entrevista à agência de notícias Reuters no começo de setembro. Já foram investidos US$ 804 milhões no projeto, e 22% da obra já foi concluída.
No Brasil, um dos maiores investimentos da Vale no próximo ano é a siderúrgica que será construída no Ceará, em parceria com a coreanas Posco e Dongkuk. Com 50% da planta, a mineradora espera investir US$ 563 milhões em 2012. A operação da siderúrgica é prevista para o primeiro semestre de 2015.
O presidente da Vale, Murilo Ferreira, disse que a companhia está preocupada com a perda de participação do mercado em siderurgia no País. "Tínhamos 70% do mercado em 2005, hoje temos 50% e teremos ao redor de 29% em 2014 e não estamos felizes com isso."
Ferrovia. Outro projeto importante citado no seu plano de investimentos é o aumento na capacidade da ferrovia e do porto do sistema Norte, com a construção de mais um terminal marítimo de Ponta da Madeira, no Maranhão, com investimentos de US$ 890 milhões em 2012.
A companhia espera investir também US$ 581 milhões no projeto de cobre Salobo II, em Marabá, no Pará. A previsão é iniciar a produção no segundo semestre de 2013. De acordo com a mineradora, 63,7% dos investimentos serão realizados no Brasil, enquanto 11,7% será destinado ao Canadá e outros 9,1% à África.
A empresa anunciou que a área de minerais ferrosos consumirá 46,7% do total de investimentos. A produção estimada é de 312 milhões de toneladas de minério de ferro em 2012, enquanto a de pelotas deverá alcançar 50 milhões de toneladas.
A Vale deve produzir também 16,6 milhões de toneladas de carvão; 340 mil de cobre; 300 mil de níquel e 600 mil de potássio, além de 8 milhões de toneladas de rocha fosfática. / Reuters e Luciana Antonello Xavier

OESP, 29/11/2011, Economia, p. B1, B3

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