VOLTAR

Uso de hidrovia em SP para na Justiça

FSP, Mercado, p. B10
09 de Out de 2014

Uso de hidrovia em SP para na Justiça
Com seca, navegação na Tietê-Paraná está parada, e empresas de transporte de carga pleiteiam indenização
Problema está na diferença do custo dos fretes rodoviário e pelo rio; Cesp diz que segue determinação do NOS

Pedro Soares do Rio

O baixo nível dos rios que impede a navegação em parte da hidrovia Tietê-Paraná foi parar na Justiça por causa dos prejuízos às empresas que transportam suas cargas por esse meio.
A Caramuru Alimentos, companhia nacional de capital fechado e a mais afetada, processou a estatal paulista Cesp. Pleiteia uma indenização de R$ 24,7 milhões. O processo está em fase inicial e a Cesp não informou se já foi notificada.
Outras companhias também prejudicadas são as gigantes globais ADM e Louis Dreyfus, apurou a Folha.
As três transportam soja e derivados do Centro-Oeste pela hidrovias até o interior de São Paulo.
O problema consiste na diferença do custo do frete. Segundo a consultoria Mind Estudos e Projetos, o transporte rodoviário é até 38% mais caro do que o hidroviário, numa simulação da soja embarcada em Sorriso (MT), um dos maiores polos produtores de grãos do país.
A Mind estima que em toda a cadeia (produtores, empresas de navegação e outros elos) a perda de faturamento chega a R$ 700 milhões.
A Camamuru carrega sua soja destinada à exportação de Goiás até o noroeste paulista por hidrovia. Depois, a embarcava em trens. Agora, todo o percurso tem de ser feito por caminhão.
O pano de fundo da disputa está uma disputa com o governo federal, que quer priorizar a geração de energia.
Já o Estado de São Paulo coloca todos os seus esforços para manter o abastecimento de água para o consumo humano --que tem prioridade, assegurada em lei em caso de extrema escassez.
A Cesp, porém, não tem autonomia para decidir o quanto quer gerar de energia.
O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) define a carga de energia de cada usina e quais hidrelétricas e termelétricas vão produzir primeiro. O critério é o custo da energia --que é repassado à conta do consumidor. A fonte hídrica é mais barata.
Em meio à contenda, a profundidade para navegação da hidrovia foi reduzida de 3 metros para 1 metro, o que impede a passagem de balsas maiores. O problema ainda afeta outros setores, como celulose, açúcar e álcool, que também usam a hidrovia.
As empresas que operam na hidrovia esperavam movimentar 6 milhões de toneladas de grãos e farelo de soja, destinados sobretudo à exportação. Transportaram apenas 1 milhão nesta safra.
Quase toda a soja já foi escoada. Resta, porém, nos armazéns a maior parte da segunda colheita anual de milho (17 milhões de toneladas, ao todo). A hidrovia é uma das rotas utilizadas.
Breno Raemy, da Mind, diz que o custo mais alto "atrapalha ainda mais o setor, que já vive uma fase difícil com a supersafra americana", o que derrubou as cotações da soja. "É um problema para o país. São menos divisas que entram num período ruim para a balança comercial."
Procurada, a Louis Dreyfus não comentou. A Caramuru não quis se pronunciar, pois a questão está na Justiça. A ADM não respondeu às questões enviadas à empresa.
A Cesp disse que opera suas usinas "de acordo com determinação do ONS, que faz a gestão dos níveis dos reservatórios".

FSP, 09/10/2014, Mercado, p. B10

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/189776-uso-de-hidrovia-em-sp-p…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.