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Usinas nucleares operam acima da capacidade

FSP, Mercado Aberto, p. B2
Autor: FRIAS, Maria Cristina
17 de Fev de 2014

Usinas nucleares operam acima da capacidade

As usinas nucleares Angra 1 e 2, no litoral sul fluminense, produziram energia elétrica além da capacidade máxima nominal durante toda a semana passada.
Com isso, aumentaram sua participação no Sistema Interligado Nacional em período de forte consumo e queda severa no nível dos reservatórios das hidrelétricas do Sudeste e do Centro-Oeste, causada pela estiagem.
Na sexta-feira, Angra 1 e 2 produziram carga de 2.006 MW médios, ou 16 MW acima do limite de 1.990 MW médios, que vem sendo superado desde a primeira semana de fevereiro. O pico do ano ocorreu na terça-feira, com a geração de 2.021 MW.
A média de fornecimento em fevereiro tem sido de 1.997 MW médios, ante 1.964 MW em janeiro, mês em que o limite não foi superado em nenhum dia.
A capacidade nominal é o limite que a Eletronuclear informa ao ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) como contribuição máxima ao sistema, diariamente.
O número considera as condições de segurança dos equipamentos e a temperatura média do mar de Angra dos Reis, de 27˚C, cujas águas são utilizadas para resfriamento da usina.
Nos últimos dias, o mar apresentou temperaturas mais baixas, chegando a 21˚C de madrugada.
Por isso, foi possível ir além da capacidade nominal, fornecendo mais energia em um momento crítico em razão do elevado consumo e do nível dos reservatórios.
Maior geração de energia é segura, dizem especialistas
A geração de energia além da capacidade nominal não apresenta riscos, de acordo com especialistas.
"A temperatura menor da água do litoral permite que nosso gerador opere com um pouco mais de eficiência, entregando carga maior ao sistema", afirma Paulo Carneiro, assessor da presidência da Eletronuclear.
"Isso acontece sem que se mude a potência do reator, que, de forma alguma, pode rodar além da capacidade. Não há riscos nesta geração maior", diz.
No ano passado, houve oferta de carga além da capacidade das usinas nucleares em meados de junho, setembro e novembro.
Nos anos anteriores, não foi registrada superação do limite. Em média, o complexo fornece entre 1.500 MW e 1.800 MW médios ao sistema. Em maio do ano passado, a média foi de 734 MW.
Roberto Brandão, pesquisador da UFRJ, também não vê riscos para a segurança.
"Existe uma obsessão muito grande com segurança entre os técnicos que operam Angra 1 e 2. Se eles estão superando os limites, certamente não é de forma irresponsável", afirma.

FSP, 17/02/2014, Mercado Aberto, p. B2

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/152581-mercado-aberto.shtml

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