VOLTAR

Usinas investem para preservar a fauna

FSP, Mercado, p. B6
13 de Jun de 2012

Usinas investem para preservar a fauna
Com menos queimadas e preservação de matas e rios, animais em risco de extinção reaparecem em canaviais de SP
Segundo a Unica, só as usinas controladas por ETH, São Martinho Balbo e Guarani investem R$ 8 milhões

ARARIPE CASTILHO
DE RIBEIRÃO PRETO

No chão, uma porção de comida é isca na armadilha estrategicamente posicionada. Uma onça-parda, animal ameaçado de extinção, aproxima-se silenciosamente.
O clarão na noite é o sinal de que o felino foi capturado.
Não por caçadores embrenhados na mata, mas pelas lentes de uma câmera fotográfica e um flash disparados por sensores de movimento, no meio de um canavial da região de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo).
Como a onça-parda, outros animais silvestres e em risco de extinção têm reaparecido em áreas canavieiras do interior paulista nos últimos anos devido à redução das queimadas e à preservação de matas e cursos d'água. É o caso também de lobos-guarás.
O ressurgimento já faz as usinas do setor -historicamente questionado pela devastação do ambiente- terem de investir na área.
Segundo a Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar), só as usinas controladas pelos grupos São Martinho, ETH, Guarani e Balbo investiram R$ 8 milhões na preservação da fauna.
Até 2009, ano usado para a conta da Unica, os três primeiros grupos não gastavam um real sequer. Só a ETH, dona de nove usinas, investiu no ano passado R$ 1 milhão em projetos ambientais que incluem o monitoramento da fauna nos canaviais.
MAIS BICHOS 'NOVOS'
Um estudo de dez anos da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) constatou crescimento de 37% no número de espécies em canaviais do Grupo Balbo, que há 20 anos não queima a área onde produz cana orgânica.
"Em 2002, quando começamos a estudar o local, fizemos um levantamento minucioso da fauna existente na área e registramos cerca de 240 espécies diferentes. Hoje, são quase 330", afirma José Roberto Miranda, pesquisador em agroecologia e biodiversidade da Embrapa.
De todas as espécies que circulam atualmente nos 8.000 hectares de cana orgânica pesquisados, perto de 15% estão ameaçadas de extinção em São Paulo, segundo lista da Secretaria de Estado do Meio Ambiente.
Os registros da Embrapa se referem só a vertebrados (anfíbios, répteis, aves e mamíferos) e são arquivados quase sempre em fotos e vídeos.
"Estão aí, eles [os animais] estão reaparecendo no ambiente", diz Miranda ao exibir as imagens arquivadas em seu computador.

Promotor vê avanço, mas quer fim de queimada

DE RIBEIRÃO PRETO

Primeiro promotor público a ingressar na Justiça com ações contra a queimada da cana em 1991, Marcelo Pedroso Goulart ainda é um crítico do setor sucroalcooleiro.
Apesar de reconhecer que "houve certo avanço" quanto à recuperação da flora e à preservação das reservas ambientais, Goulart quer o fim imediato das queimadas.
A prática persiste em 35% da área de colheita do Estado de São Paulo, o que equivale a 1,68 milhão de hectares. Onde há queimadas -autorizadas, acidentais ou criminosas- animais são vítimas do fogo.
Não convencido pelo protocolo agroambiental do setor, assinado em 2006, Goulart diz que o documento continua a permitir a queima ao estabelecer o prazo até 2014 para eliminação da prática nas áreas mecanizáveis e até 2017, em outros terrenos.
Segundo dados da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, que fiscaliza o cumprimento do protocolo, a iniciativa tem dado resultado.

(AC)
FSP, 13/06/2012, Mercado, p. B6

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/48460-usinas-investem-para-pre…
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/48461-promotor-ve-avanco-mas-q…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.