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Usinas autuadas por empregar canavieiros de forma irregular

OESP, Economia, p. B6
23 de Mar de 2007

Usinas autuadas por empregar canavieiros de forma irregular
Ministério Público do Trabalho fez 72 autos de infração nas regiões de Marília, Bauru e Assis

José Maria Tomazela
Sorocaba

Numa operação iniciada segunda-feira e encerrada ontem, fiscais do Ministério Público do Trabalho (MPT) autuaram oito usinas e empresas de fornecimento de cana-de-açúcar por manter trabalhadores em situação irregular no interior de São Paulo. Foram feitos 72 autos de infração correspondentes aos 288 bóias-frias encontrados sem registro em carteira ou equipamentos de proteção.
Em muitos casos, os trabalhadores não recebiam água fresca e as condições sanitárias eram inadequadas. Os ônibus usados no transporte não tinham condições de tráfego. Somente uma usina, em Ibirarema, recebeu 13 autuações.
Segundo o auditor fiscal do Trabalho Antonio Carlos Avancini, coordenador da operação,a usina foi obrigada a regularizar a situação dos trabalhadores.
Desde 2002, o MPT utiliza grupos móveis para fiscalizar as condições de trabalho no corte da cana-de-açúcar. Esta foi, no entanto, a primeira vez que a ação focou o plantio dos canaviais.
A ação foi planejada no final do ano passado. As blitzes ocorreram nas regiões de Marília, Bauru e Assis, novas fronteiras da cana no Estado, que detêm 60% da produção nacional. As equipes verificaram o cumprimento da legislação trabalhista e as condições de saúde e segurança no trabalho. "Encontramos situações de trabalho precário, mas que não se caracterizavam como de trabalho degradante ou condição análoga à de escravo", disse Avancini.
A fiscalização nas usinas vai continuar até dezembro. "Vamos fazer uma ação por mês com o foco principal nos canaviais, mas abrangendo também as plantações de laranja e tomate, que usam muito a mão-de-obra migrante."
Entre 2004 e 2006, segundo Denúncia encaminhada ao MPT, 17 cortadores de cana, a maioria migrantes, morreram no interior do Estado. A suspeita é de que as mortes ocorreram por exaustão, em razão do excesso de esforço para atingir produtividade alta.
DEFESA
Algumas das usinas se defendem. O Grupo Nova América diz, em nota, que fornece todos os equipamentos de segurança necessários para os trabalhadores e que irá se adequar, no que concerne aos óculos, "aos modelos certificados pelo órgão competente".
A assessoria da Usina Renascença informou que foi arrendada por sua atual diretoria em janeiro,que a propriedade estava desativada há três anos e chamava-se Usina Santa Hermínia.
"Ao iniciar as atividades no local, em 2 de janeiro, fornecemos à empresa terceirizada Pires Dionizio todos os equipamentos de proteção individual para 80 trabalhadores."
Já a Usina Ibéria disse que houve uma orientação para que ajustem o plano de socorro a eventuais vítimas de acidentes e que"apertem"a fiscalização dos ônibus. O Departamento Jurídico da Cocal informou que estava providenciando os documentos solicitados.

OESP, 23/07/2007, Economia, p. B6

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