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Unicamp testa gerador de energia

OESP, Vida, p.A21
23 de Out de 2004

Unicamp testa gerador de energia
Sistema inédito será usado pelo Hospital das Clínicas e produzirá hidrogênio a partir de gás natural e etanol
Silvana Guaiume
O Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) vai se transformar em um laboratório de testes de novas tecnologias de geração distribuída de energia elétrica nos próximos quatro anos. A geração distribuída é obtida próximo ao local de consumo, sem necessidade da rede geral de distribuição. Uma das três tecnologias que serão testadas no HC, a célula combustível movida a gás natural, foi apresentada esta semana.
O novo sistema, inédito no Brasil, produz hidrogênio a partir de gás natural e de etanol. A máquina responsável por isso será instalado ainda este ano no HC. Até o final de 2006, também estarão operando os painéis fotovoltaicos (solares) e uma microturbina importada. Juntas, as três tecnologias produzirão perto de 3% da energia consumida no hospital.
"Haverá uma interação entre fontes de energia e a rede de distribuição", explicou o coordenador de Programas de Pesquisa e Desenvolvimento da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), José Luiz Pereira Brittes. "Nosso interesse em curto prazo é aprendermos a gerenciar e operar alternativas de geração", comentou o diretor de Engenharia da empresa, Rubens Ferreira.
O protótipo da célula (veja texto ao lado) foi desenvolvido em parceria com o Laboratório de Hidrogênio do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe) e o Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec) da Unicamp. Tem capacidade para produzir 6 quilowatts de energia.
Em meados de 2005, o Nipe instalará outra unidade na comunidade Arixi, no município de Anama (AM), para abastecer 400 pessoas que hoje dispõem de energia elétrica apenas quatro horas por dia de um gerador a diesel. Outra máquina, que funcionará com etanol, está prevista para ser levada ao Pantanal.
De acordo com o coordenador do Nipe, Enio Perez da Silva, o equipamento pode ser adaptado para atender a qualquer demanda de energia, de qualquer localidade.
No protótipo da Unicamp, ao custo de R$ 235 mil, a célula combustível foi importada dos Estados Unidos. Mas há duas empresas incubadoras no Brasil, Electrocell e Unitec, que estão desenvolvendo equipamentos semelhantes.
ALTERNATIVA
Silva enfatizou que a máquina pode trabalhar com gás natural ou etanol. "O que estiver disponível. Será uma alternativa viável de uso do gás natural, depois de vários projetos de termoelétrica terem sido abandonados", disse.
A nova tecnologia ainda precisa de pelo dez anos para ser produzida comercialmente, para tornar seus custos compatíveis com os da geração convencional. Silva cita como vantagem a redução dos custos ambiental e de distribuição. Toda a pesquisa está sendo patenteada.
Ferreira explicou que a CPFL investirá R$ 5 milhões nos próximos seis anos nos projetos do HC e aplica, em média, R$ 25 milhões por ano em pesquisa e desenvolvimento.

OESP, 23/10/2004, p. A21

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