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Últimos jumas voltam para casa

CB, Brasil, p. 10
17 de Dez de 2008

Últimos jumas voltam para casa

Edson Luiz
Da equipe do Correio

Depois de 10 anos, índios jumas voltarão para suas terras. Um ancião e três mulheres jovens, tudo o que restou de uma população de 15 mil pessoas, serão levados para o sul do Amazonas, onde viverão perto de outras etnias, com costumes, ramo lingüístico e características culturais semelhantes. A decisão foi da Justiça Federal, atendendo a um pedido do Ministério Público, que quer evitar a extinção do pequeno grupo, atualmente alojado na Fundação Nacional do Índio (Funai) em Porto Velho. A nova moradia dos jumas será no Baixo Rio Açuã, próximo à cidade de Canutama, a 610 km de Manaus.

Devido à inexistência de homens com condições de se casar com uma das índias, a etnia Juma corre o risco de desaparecer. O processo de mudança de suas terras acabou colaborando para dizimar os mais velhos. O grupo foi retirado ilegalmente de suas terras em 1998, quando as quatro pessoas foram para um abrigo da Funai, depois de ter passado pela área Uru-Eu-Wau-Wau, também em Rondônia. A alegação da época era que a tribo estava sendo explorada pelos ribeirinhos.

Segundo determinação da juíza federal Maria Lúcia Gomes, as três mulheres e o ancião de 70 anos terão várias garantias. Entre elas, um barco potente para uso do grupo, assistência médica, recursos materiais para garantir a sobrevivência, combustível e equipamentos de comunicação. O prazo de retorno dado à Funai foi de 90 dias, mas antes disso os jumas passarão por uma fase de adaptação.

O governo terá que realizar também um estudo antropológico para diminuir os danos causados pela remoção, além de dar assistência e construir as malocas. A área é propícia para a caça e pesca, atividades habituais da tribo. O grupo poderá visitar freqüentemente a área Uru-Eu-Wau-Wau, onde viveu e com a qual ainda possui laços afetivos.

Em 1998, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) entraram com uma representação na Procuradoria da República no Amazonas denunciando a retirada dos jumas de suas terras e pedindo o seu retorno, o que ocorre agora, 10 anos depois.

CB, 17/12/2008, Brasil, p. 10

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