VOLTAR

UE pede que clima esteja em documento da Rio+20

OESP, Vida, p. A18
01 de Mar de 2012

UE pede que clima esteja em documento da Rio+20
Para comissária europeia, o evento deverá ser momento de mudança de paradigma em direção à economia verde

Giovana Girardi

A comissária europeia para a ação pelo clima, Connie Hedegaard, esteve nos últimos três dias no Brasil negociando com o governo planos de ação para a Rio+20, em junho, e também para a próxima conferência do clima (COP) da ONU, que ocorre no final do ano no Catar.
Em entrevista ao Estado, Connie disse que frisou a necessidade de não se deixar de fora a discussão climática do encontro no Rio. "Ninguém quer que o evento se torne uma conferência de negociações climáticas, mas minha mensagem é que as Mudanças Climáticas ainda são um desafio enorme quando se trata do desenvolvimento sustentável.
Todos sabemos de sua urgência e agora precisamos ser consistentes e fazer com que isso se reflita no resultado da Rio+20."
Sobre algumas críticas que têm surgido de que o evento parecer estar assumindo mais uma postura econômica que ambiental, ela reforçou que não dá mais para separar as duas - economia, de um lado, e ambiente. "A grande questão é como combinar os dois e é por isso que na Europa concordamos que a Rio+20 deveria ser marcada por uma mudança de paradigma para uma economia mais verde", diz.
"Não é para ferir o direito de ninguém crescer. Ao contrário. É para dizer: sim, sabemos que muitos países em desenvolvimento precisam crescer muito nos próximos anos. Mas esse crescimento não pode ocorrer do mesmo modo poluidor, ineficiente e baseado em combustíveis fósseis que nós fizemos nos séculos 19 e 20 na Europa."
Nesse sentido, vários líderes europeus, como a chefe de governo alemã, Angela Merkel, propõem que a Rio+20 dê um passo em direção a uma substituição do PIB- visto como uma análise puramente economicamente do crescimento de uma nação -, para o conceito de capital natural.
"Hoje, se alguém tem uma produção lucrativa, mas para isso esgota as fontes de água do entorno, polui o ar, isso não tem custo nenhum. Se quisermos que as pessoas produzam levando em conta o ambiente e a natureza, temos de colocar um valor neles. É por isso que defendemos um novo modo de medir o verdadeiro crescimento de um país, que calcule os danos ao ambiente."
Sobre a próxima COP, Connie afirmou que discutiu com o governo brasileiro uma atuação conjunta entre UE e Brasil para atingir as metas estabelecidas na conferência do ano passado, em Durban. No evento, decidiu-se que até 2015 é preciso chegar a um novo regime em que todos os países terão igualmente obrigações como clima. A ideia é ter ao final deste ano um plano muito específico de passos que têm de ser dados para alcançar a meta.
Ela disse que a expectativa da UE é de que o Brasil ajude nisso. "É muito importante trabalharmos juntos para evitar aqueles que querem voltar atrás nas decisões tomadas em Durban."

OESP, 01/03/2012, Vida, p. A18

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.