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UE fecha plano para frear aquecimento

FSP, Ciência, p. A18
13 de Dez de 2008

UE fecha plano para frear aquecimento
Acordo prevê 20% de energia renovável, 20% de redução de emissões e 20% de corte no consumo até 2020

Da enviada a Poznan (Polônia)

A União Européia fechou ontem uni acordo para cortar as emissões de gases de efeito estufa em 20% até 2020, em relação aos níveis de 1990.
Se outros países desenvolvidos se comprometerem com metas semelhantes, os europeus ampliarão a meta para 30%. A decisão do grupo, que ainda precisa ser ratificada pelo Parlamento Europeu, foi tomada em Bruxelas enquanto ministros do Ambiente tentavam em Poznan, Polônia, chegar a consensos sobre temas relacionados ao aquecimento global.
A UE já vinha sinalizando com essa porcentagem de redução, mas havia o temor de que o bloco de 27 países reduzisse suas ambições com a crise econômica. Itália, Alemanha e Polônia, por exemplo, pressionavam nesse sentido.
Os líderes passaram dois dias discutindo como dividir o peso de cortar os gases de efeito estufa do bloco. Segundo delegados da UE na conferência do clima, o período foi "emocionante" e "de tensão".
"Vocês podem"
"Isso é realmente histórico", declarou o presidente da França e atual presidente da UE, Nicolas Sarkozy. "Não há nenhum continente com regras tão estritas quanto as que nós estamos adotando. 0 plano do presidente eleito dos EUA, Barack Obama, por exemplo, é de devolver as emissões americanas aos níveis de 1990 até 2020.
0 presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, convocou os EUA a adotarem unia política tão ambiciosa quanto a européia. "Sim, vocês podem", disse.
A delegação brasileira em Poznan não demonstrou grande empolgação com o acordo fechado pela UE. Para o embaixador extraordinário do clima, Sérgio Serra, a meta de 20% de redução já era esperada. Pelo menos por enquanto, ele avalia que o anúncio da meta do grupo não influenciou outros países. "Acho que só saberemos o impacto no ano que vem."
Para ele, foi unia infeliz coincidência os europeus virem a Poznan com uma indefinição interna. Por isso, os países da UE, que sempre estiveram na liderança na questão climática, neste ano perderam o posto.
Já o sempre otimista secretário-executivo da Convenção do Clima, Yvo de Boer, parabenizou o pacote da UE. Ele disse que é o sinal da coragem dos países desenvolvidos que estava sendo aguardado em Poznan. "Isso mostra ao mundo que metas ambiciosas de redução de emissões [de gases-estufa] vão na linha de mover a economia numa direção verde."
Aguado
Ambientalistas, no entanto, acusaram a UE de ter enfraquecido o texto, com concessões a indústrias sujas na Alemanha -que teme prejuízos às suas fábricas com a recessão global- e ao Leste Europeu, que depende do carvão para gerar energia.
0 plano exige que empresas poluidoras comprem direitos de emissão de carbono, que até agora eram dados de graça, em leilões. Mas indústrias pesadas, incluindo a química e a de cimento, só precisarão comprar 70% de suas cotas de emissão, em vez de 100%. "Em vez de agirem para parar a mudança do clima, os líderes europeus estão subsidiando-a", disse o Greenpeace em nota.
Barroso admitiu que as, concessões podem beneficiar poluidores, mas "esse é o preço a pagar pela unidade".(AB)
Com "The Independent"

FSP, 13/12/2008, Ciência, p. A18

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