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Tropa antidistúrbio chega a reserva em RR

OESP, Nacional, p. A17
05 de Abr de 2008

Tropa antidistúrbio chega a reserva em RR
Além de policiais federais treinados para controle de agitação civil, operação em área indígena terá reforço da Força de Segurança Nacional

Cyneida Correia

Agentes da Polícia Federal especializados em controle de distúrbios civis desembarcaram ontem em Boa Vista, Roraima, para ajudar na operação de retirada dos produtores rurais da terra indígena Raposa Serra do Sol. Também chegou ontem à capital o primeiro grupo de integrantes da Força de Segurança Nacional.

Além do reforço numérico, a PF recebeu escudos, spray de pimenta, munição de borracha, bombas de efeito moral e outros equipamentos para controle de distúrbios civis. Mais agentes policiais, recrutados em Estados da Região Norte, chegarão nos próximos dias, segundo informações da assessoria de imprensa da PF.

Ainda de acordo com a assessoria, a operação de retirada só deve ser iniciada quando tiver condições de fazê-la de forma pacífica. Até agora não existe nenhuma data prevista.

Ontem, um grupo organizado pelos produtores rurais tentou bloquear a rodovia BR-174, para impedir a passagem de veículos da PF. Foram dissuadidos, porém, por agentes da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Militar. Alguns dos manifestantes só recuaram depois de serem ameaçados de prisão.

A terra indígena foi demarcada em 1998 no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Em abril de 2005, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva homologou a criação da reserva, com a retirada dos grupos não indígenas da área, com 1,1 milhão de hectares.

Desde então os fazendeiros instalados na região tentam impedir a efetiva criação da reserva. A maior parte deles já saiu - após receber indenização pelas benfeitorias. O principal foco da resistência atual é formado por um pequeno grupo de grandes arrozeiros, liderados por Paulo César Quartiero - gaúcho que está na região desde os anos 70 e ameaça resistir às ações da PF.

ADVERTÊNCIA
A presença de crianças e adolescentes no conflito, constatada por meio de imagens produzidas por TVs e jornais, preocupa as autoridades. Ontem, o promotor de Justiça da Infância e da Juventude de Roraima, Márcio Rosa, fez um alerta, dizendo que "caso crianças sejam usadas nessas manifestações, tanto os pais como os líderes do movimento serão responsabilizados criminalmente".
O promotor tomou a decisão após ver cenas em que crianças eram utilizadas numa barreira contra a PF.

CNBB defende em nota operação de retirada

José Maria Mayrink

A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou ontem nota de apoio ao trabalho do governo federal em Roraima. "Esperamos que o processo de desintrusão da Terra Indígena Raposa Serra do Sol seja rápido, pacífico e que a lei seja respeitada por todos", diz a nota, redigida em nome da 46.ª Assembléia Geral do episcopado, que se realiza no município paulista de Indaiatuba.

Assinada por d. Geraldo Lyrio Rocha, presidente, d. Luiz Vieira, vice-presidente, e d. Dimas Lara Barbosa, secretário-geral, a nota afirma que os bispos estão preocupados com os não-índios "que teimam em permanecer com métodos violentos" na reserva.

OESP, 05/04/2008, Nacional, p. A17

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