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Triste fim de Policarpo e da língua tupi

Diário de Natal - http://www.diariodenatal.com.br/
Autor: Sérgio Vilar
01 de Jul de 2010

Historiador quer incorporar o tupi-guarani oficialmente em Natal

Quando o escritor Lima Barreto escreveu o clássico O triste fim de Policarpo Quaresma queria se livrar do engodo de uma identidade nacional forjada pelos escritores do Romantismo. Policarpo era um nacionalista inveterado. Estudou a história do país e construiu projetos de brasilidade para criar a verdadeira identidade nacional. Entre eles estava o resgate da língua tupi-guarani. É esta também a meta - em âmbito local - do historiador potiguar Aucides Sales. O professor já conseguiu oficializar o tupi-guarani em Canguaretama e agora busca incorporar a língua originária dos índios em Natal.

O tupi-guarani integra a língua indígena tupi, estudada pelos jesuítas na época do Brasil-Colônia e já extinta. Nos últimos anos, tupinólogos têm conseguido o resgate pelo interesse do estudo da língua no Brasil. Mais que o interesse pela identificação de nossa cultura primária, o ensino ainda incipiente do tupi-guarani, sobretudo em comunidades indígenas, tem colaborado para um reencontro das tribos com suas origens e despertado nos índios o interesse pela sua história. O movimento tem crescido em cadeia e o propósito é chegar às câmaras legislativas.

Se o guarani foi oficializado como língua do Mercosul em 2009; se mais de 95% dos paraguaios falam fluentemente a língua; e se a Argentina oficializou o guarani em duas províncias, no Brasil, praticamente apenas a Marinha adota a língua para comunicação secreta via rádio. Afora isso, parcos 30 mil brasileiros (o número é uma estimativa imprecisa, sem bases científicas fundamentadas) falam guarani, em maioria índios. Mesmo havendo decreto da época do presidente Juscelino Kubitschek decretando o ensino da língua nas universidades.

Em maio, Tucuru, cidade sul matogrossense, oficializou o guarani como segunda língua, provocada por uma das testemunhas de um processo judicial só falar essa língua. Em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, foi oficializada a língua nheengatu, do tronco do tupi-guarani. Levantar informações confiáveis sobre a fonologia do tupi para uma possível reconstrução fonológica seria tarefa impraticável não tivesse esse tronco, mais especificamente a família tupi-guarani.

http://www.diariodenatal.com.br/2010/07/01/muito1_0.php

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