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Trecho sul do Rodoanel sai, enfim, da prancheta a partir do dia 15

OESP, Metrópole, p. C7
02 de Set de 2006

Trecho sul do Rodoanel sai, enfim, da prancheta a partir do dia 15
Obras começam em oito canteiros diferentes da futura pista para caminhões com destino ao Porto de Santos

Camilla Rigi, Sérgio Duran

A novela para construir o trecho sul do Rodoanel já tem data para terminar. O secretário estadual de Transportes, Dario Rais Lopes, informou ontem que o governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), definiu que as obras devem começar no dia 15 de setembro. "A questão ambiental já está superada. Agora, a questão é financeira", disse o secretário. Lopes só está preocupado com o projeto de orçamento da União para 2007, enviado anteontem ao Congresso, que não prevê repasses de verbas para a obra estadual.

A notícia foi recebida com euforia pelo setor de transporte de carga e com pesar pelos ambientalistas que defendem a preservação da mata atlântica nos trechos por onde a interligação deve passar. O trecho sul terá 57 quilômetros e vai custar R$ 2,58 bilhões. Isso sem contar os recursos necessários para desapropriações e compensações ambientais, que somariam R$ 3,5 bilhões. "Vamos começar com o dinheiro do Estado. Mas, na minha opinião de engenheiro, seria necessário pensar em outra formas de financiamento, como parcerias com a iniciativa privada, para não ficar dependendo de promessas do governo federal", declarou o secretário.

Quanto à questão ambiental, ele garante que não haverá mais entraves. Ontem, o secretário do Meio Ambiente, José Goldemberg, assinou a licença de instalação, com base no aval do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

PLANO DE OBRAS

As primeira máquinas começam a trabalhar em oito pontos distantes: na conexão com a Avenida Papa João XXIII, em Mauá; nos trechos de pontes sobre as Represas de Guarapiranga e Billings; na transposição das Estradas de Itapecerica e de Parelheiros e nos trevos das Rodovias Régis Bittencourt, Imigrantes e Anchieta. "Selecionamos as obras mais complexas, exatamente porque elas vão demandar mais tempo para serem concluídas", explicou Lopes. A previsão de término do complexo sul é de quatro anos.

O trecho terá início no trevo da Rodovia Régis Bittencourt e cortará sete municípios - Embu, Itapecerica da Serra, São Paulo, São Bernardo, Santo André, Ribeirão Pires e Mauá. Um dos objetivos é desafogar o trânsito de São Paulo. A estimativa da empresa Desenvolvimento Rodoviário (Dersa) é que a obra reduza em 43% o tráfego diário nas Marginais, que chega a 165 mil caminhões; e em 37% o fluxo dos 25 mil veículos desse tipo que usam a Avenida dos Bandeirantes.

César Pegoraro, que acompanhou os debates sobre o trecho sul pela Fundação S.O.S. Mata Atlântica, orientou a organização não-governamental (ONG) a não participar do conselho que acompanhará as obras. "Seriam seis votos de ambientalistas contra 28 do governo." Segundo ele, não há compensação para o fim de 300 hectares de mata nem forma de conter a ocupação no entorno. "A compensação ambiental do trecho oeste não foi feita até hoje", afirmou.

Pegoraro condena, principalmente, a escolha do traçado mais barato para a obra. Este é o que prevê menos desapropriações, porém o que inclui mais trechos de mata.

Já Flávio Benatti, presidente da Federação das Empresas de Transporte de Carga do Estado, considera que essa construção trará aumento de produtividade ao setor, que sofre prejuízo no tráfego das Marginais. "É um dos trechos mais importantes. 80% dos caminhões que vêm do interior rumo ao Porto ou vice-versa não precisarão passar pela Avenida dos Bandeirantes."

OESP, 02/09/2006, Metrópole, p. C7

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