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A transformação do mundo indígena no Alto Rio Negro, pelo olhar das mulheres

ISA-Socioambiental.org-São Paulo-SP
08 de Dez de 2005

É o tema do livro De volta ao Lago de Leite - Gênero e Transformação no Alto Rio Negro , escrito pela antropóloga Cristiane Lasmar e editado pela Unesp, Núcleo Transformações Indígenas (NUTI) e Instituto Socioambiental (ISA). A publicação, que explora as mudanças no modo de vida dos índios quando eles deixam suas comunidades de origem e passam a residir em cidades, será lançada na próxima segunda feira, 12 de dezembro, em São Paulo.

Livro aborda os desafios para a manutenção da identidade indígena
Primeiro título da Editora Unesp a ser publicado em co-edição com o Instituto Socioambiental e o Núcleo Transformações Indígenas, De volta ao Lago de Leite - Gênero e Transformação no Alto Rio Negro aborda o movimento dos povos Tukano e Aruaque em direção ao mundo dos brancos a partir do ponto de vista das mulheres indígenas. Delineando o sentido deste deslocamento dos habitantes do rio Uaupés (afluente do rio Negro), a antropóloga Cristiane Lasmar, do Programa Rio Negro do ISA, produz uma reflexão crítica guiada pela noção de gênero que "torna visível e compreensível a experiência social de mulheres - e homens - que habitam as aldeias e cidades da Amazônia", como salienta Bruna Franchetto, no prefácio.

Enfrentando os desafios teóricos da etnologia amazônica, Cristiane acompanha as transformações que ocorrem no modo de vida dos índios quando eles deixam suas comunidades de origem e passam a residir na cidade de São Gabriel da Cachoeira (AM). Faz isso atenta às concepções cosmológicas dos índios, observando o modo como o material "civilizado" é apreendido e apropriado pelos Tukanos e Aruaque e como eles constroem a imagem dos índios para si mesmos e como concebem os brancos, as cidades e suas relações com ambos. Assim, o estudo da experiência feminina em São Gabriel da Cachoeira, analisando como as escolhas de vida estavam vinculadas ao sistema de relações sociais, possibilita apreender o universo de sociabilidade indígena na cidade.

Sobre De volta ao Lago de Leite, o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro diz que esta obra traz diversos questionamentos sobre o modo de apropriar-se da "desejável cultura dos brancos" sem ser apropriado por ela e os problemas de manutenção da identidade. E a saúda pela "lucidez com que soube, no sentido mais literal possível, prestar atenção a elas". Privilegiando o ponto de vista dos índios (e, mais especificamente, das mulheres indígenas) sobre o mundo e a vida social, Cristiane aponta para um entendimento mais profundo sobre a questão de convivência entre mundos que são, simultaneamente, tão próximos e tão distantes.

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