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Terenas ocupam Funai contra retrocesso do governo Temer

Top Mídia News - http://www.topmidianews.com.br
07 de Jun de 2016

Cerca de 60 indígenas da etnia terena, originários de terras na região do pantanal ocuparam a Funai (Fundação nacional do índio) em Campo Grande na manhã desta terça-feira (7). A ocupação é um modo de pressionar o governo interino de Michel Temer (PMDB), que já representa ameaças à Funai, que está sem presidente.

Alceri Marques, é uma liderança terena da terra Taunay Ipegue, recém ocupada em retomada realizada pelos indígenas da região de Aquidauana, que reivindicam o território como tradicional. Para ele, a demissão do presidente da Funai, João Pedro Gonçalves da Costa, 63 anos, que assinou às pressas a última delimitação de terras indígenas da gestão petista, a TI Dourados-Amambaí Peguá I, na região de Dourados, é um indício de como o governo Temer irá lidar com as questões indígenas.

"A funai está sem presidente, só com três dirigentes, isso gera uma desorganização na funai, que já passa por um processo difícil, querem acabar com a CTLs [coordenações técnicas locais]", explicou Alceri.

O terena também explicou que o panorama nacional, que incide de maneira especial no estado, que tem a segunda maior população indígena, tem a pressão de políticos de Mato Grosso do Sul. "Aqui no estado temos políticos como o Mandetta [Deputado Federal Luiz Henrique Mandetta - DEM] e a Teresa Cristina [Deputada federal - PSB], que querem pressionar para não ter demarcações", declarou.

Resultado da articulação do Conselho Terena, organização política da etnia, a ocupação, além das lideranças, tem a presença de professores e pastores indígenas, e mais indígenas se dirigem para a capital. Um grupo de caciques irá a Brasília na noite de hoje, com o objetivo de dialogar com o atual ministro da justiça, Alexandre de Moraes, sobre a presidência da Funai e a homologação das terras delimitadas como pertencentes aos povos indígenas.

Os Terena ocuparam no início de maio, cinco fazendas que incidem na Terra Indígena (TI) Taunay-Ipegue, que já possui relatório de delimitação concluído e portaria do Ministério da Justiça que reconheceu a tradicionalidade da terra. A reserva onde vivem cerca de 5,5 mil indígenas terenas tem apenas 6,4 mil hectares, e os estudos reconhecem 33,9 mil hectares como pertencentes ao povo. As retomadas são formas de ocupar o território e pressionar o governo federal, responsável pela questão, para que homologue a terra como pertencente a comunidade indígena.

Desmonte

O atual momento político é encarado pelo movimento indígena como uma tentativa de "desmonte" da Funai. A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga o órgão na Câmara dos deputados realiza uma diligência em terras indígenas de Mato Grosso do Sul durante essa semana, com a presença da deputada Teresa Cristina e grupo técnico. Na ocupação, os indígenas desconfiam da diligência. "Acabamos de ficar sabendo e já estamos preocupados e dialogando sobre isso", contou Alceri.

O afastamento do antigo presidente da Fundação preocupa as etnias, já que O PSC do Pastor Everaldo, aliado de Aécio Neves na campanha de 2014, e aliado do presidente Michel Temer, pediu o comando da Funai.

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