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Surpresas da biodiversidade nas florestas brasileiras

O Globo, Razao Social, p.19
06 de Mar de 2004

A FUNDAÇÃO O BOTICÁRIO PRESERVA A MAIS SIGNIFICATIVA ÁREA CONTÍNUA DE MATA ATLÂNTICA EM TODO O PAÍS, A RESERVA SALTO MORATO, NO LITORAL DO PARANÁ

Surpresas da biodiversidade nas florestas brasileirasDe tão completo, o espetáculo da natureza na Reserva Salto Morato — 2.340 hectares de Mata Atlântica contínua no litoral do Paraná, o mais representativo trecho de floresta do ponto de vista biológico em todo o país — tem até estrela. O nome do artista é listrura boticário, um peixe pequenino, sem maiores encantos visíveis, a não ser pelo fato de ser uma nova espécie, catalogada com a volta dos animais, no bojo da preservação. A reserva, considerada patrimônio natural da humanidade pela Unesco em dezembro de 1999, é um investimento sócio-ambiental da Fundação O Boticário (daí o nome do peixe) iniciado na compra da área, uma tendência emergente nas trincheiras preservacionistas.Para garantir que o meio ambiente permaneça intocado, é necessário muitas vezes tornar a área uma propriedade privada, a salvo de ataques. A Fundação pagou o equivalente US$ 300 mil — uma pechincha — e investiu US$ 2 milhões nos últimos nove anos, para reconstituir trechos devastados. A biodiversidade voltou farta (e com novidades, como se vê), numa prova do acerto da iniciativa.— É um modelo que pode ser replicado. Aqui podemos mostrar como fazer na prática, além de executar o projeto — explica Maria de Lourdes Nunes, gerente técnico-administrativa da Fundação O Boticário. — Para nós, é um compromisso para sempre.A fundação investe 1% da receita líquida na preservação ambiental. Dos franqueados da Boticário, 56% contribuem voluntariamente no setor e ajudam a manter a equipe da reserva — chefe, assistente, três guarda-parques e uma zeladora, além de quatro estagiários.— Não há perigo de invasão por aqui, ainda que a fiscalização dos limites tenha de ser uma contribuição do governo — ressalva Maria de Lourdes. — Reprimir as invasões é atribuição da polícia florestal.A gerente lembra que o caminho da compra de áreas para preservação não substitui a pressão pelos cuidados públicos com o meio ambiente. Ela reconhece, entretanto, que o governo tem um limite de orçamento, e que ele é estrutural. O papel das ONGs, assim, é fiscalizar, e complementar a ação governamental, seja de que jeito for.— A questão tem mobilizado vários proprietários privados, mas a contribuição da sociedade civil não deve substituir o poder público, porque não há como dar conta, especialmente num país com a dimensões do Brasil.À frente de um parque que ainda tem centro de exposições, trilhas e alojamento para pesquisadores, Maria de Lourdes alerta que são muito poucas as áreas protegidas no país. Mesmo vizinhos nossos da América Latina guardam trechos maiores de seu território. Mas ela observa que a consciência ambiental tem crescido. A Fundação O Boticário vai patrocinar, ao longo de 2004, projetos de preservação na Amazônia, no Cerrado, na Caatinga e na Mata Atlântica

CACHOEIRAS E PRAIAS VIRGENS
A Reserva Salto Morato tem como sede o município de Guaraqueçaba, às margens da baía de Paranaguá, ponto de partida para passeios de barco ao Parque Nacional de Superagüi. O lugar, emoldurado pela opulência da Mata Atlântica, tem praias selvagens, ilhas belíssimas e ricos manguezais. A grande estrela da Salto Morato é a cachoeira que leva o nome da reserva, com deslumbrantes 130 metros de altura, que terminam num imenso aquário natural. A trilha do Quitumbê, que sai da Igreja da cidade e chega a um mirante de onde se avista todo o parque nacional, é outra atração imperdível. A praia de Deserta tem 32 quilômetros de areias virgens. Na Ilha de Superagüi, a principal do arquipélago que compõe o parque, as restingas fazem parte de um dos mais importantes ecossistemas costeiros do mundo.

O Globo, 06/03/2004, p. 19

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