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Só meta de redução do desmatamento é fixa

OESP, Vida, p. A26
14 de Nov de 2009

Só meta de redução do desmatamento é fixa
Governo foi mais flexível com os outros setores, como agropecuária e energia, o que dá brecha para resultados menos expressivos

Afra Balazina

Apenas as metas traçadas pelo governo para reduzir o desmatamento da Amazônia e do Cerrado são inegociáveis. Nos outros setores, como agropecuária e energia, os objetivos serão mais flexíveis. Há uma meta máxima e mínima nesses casos, o que dá brecha para resultados menos expressivos.

Na área de biocombustíveis, por exemplo, a redução de gases do efeito estufa pode variar de 79 milhões a 99 milhões de toneladas de CO2. Entre as ações que foram listadas pelo governo para atingir o compromisso do País estão, na agropecuária, a recuperação de pastos e o plantio direto (no qual não se revolve a terra).

No caso do setor energético, avalia-se que será preciso aumentar a eficiência do País, ampliar o número de hidrelétricas (que são mais limpas do que as termelétricas) e o uso de fontes alternativas, como a eólica. No caso da siderurgia, o governo já havia alardeado a ideia do "aço verde", que consiste num compromisso com o setor para o uso somente de carvão vegetal proveniente de florestas plantadas, como de eucalipto. Assim, garante-se que não haverá desmate de florestas nativas para viabilizar a produção.

A ministra Dilma Rousseff ressaltou mais de uma vez que alcançar a meta não será uma responsabilidade exclusiva do governo federal, mas deverá incluir também ações dos Estados e da iniciativa privada. Sobre a questão de financiamento, ela disse que o governo tem "parte dos recursos" e que pode buscar dinheiro no exterior. "Quanto mais recebermos, mais faremos", afirmou.

A Convenção do Clima da ONU estabelece que os países desenvolvidos precisam transferir tecnologia e recursos para os demais conseguirem agir no combate à mudança do clima. "A cooperação externa será bem vinda porque nos permitirá fazer mais e mais rápido", disse o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, porém, quis definir um objetivo que pode ser cumprido mesmo que outros países não ajudem o Brasil.

O Ministério do Meio Ambiente ainda tentou ontem, na reunião, elevar a meta para 45%. Porém, a ministra Dilma argumentava que o compromisso deveria ficar em torno de 35%. O presidente teve papel decisivo na resolução do impasse. Lula deve se reunir hoje em Paris com o presidente francês Nicolas Sarkozy.

Meta voluntária
Ações de redução de emissões
Proporção de redução de emissões por segmento

Redução de 80% no desmatamento na Amazônia 20,9%
Redução de 40% no desmatamento no Cerrado 3,9%
Agropecuária De 4,9% a 6,1%
Energia De 6,1% a 7,7%
Siderurgia De ,3% a 0,4%
Total De 36,1% a 38,9%
Infográfico/AE

OESP, 14/11/2009, Vida, p. A26

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