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Siderúrgica dificulta meta do Rio

OESP, Vida, p. A22
08 de Nov de 2011

Siderúrgica dificulta meta do Rio
No ano passado, CSA lançou na atmosfera 5,7 milhões de toneladas de CO2 - 50% do total registrado no último inventário oficial, de 2005

Felipe Werneck / Rio

A Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), instalada em Santa Cruz, zona oeste do Rio, lançou 5,7 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera em seu primeiro ano de produção. O número, fornecido pela empresa a pedido do Estado, representa 50,22% mais que o total de emissões de gases de efeito estufa (GEE) da cidade do Rio em 2005, ano-base do último inventário oficial.
Esse incremento inviabilizaria o cumprimento da meta da prefeitura de redução das emissões em 2012, de 8%. Mas o vice-prefeito e secretário de Meio Ambiente, Carlos Alberto Muniz, diz que a CSA não entrará na conta porque "não estava no cenário" quando a meta foi definida.
Indagado se a meta não se torna irreal, Muniz argumenta que não poderia "se escudar em uma dificuldade e não definir nada". "Irreal é não ter uma referência básica. Não estamos dizendo que a situação vai ficar maravilhosa, mas que estamos reduzindo em 8% aquilo que existia a partir do inventário de 2005", diz.
Além da meta para 2012, a Política Municipal sobre Mudança do Clima e Desenvolvimento Sustentável definiu uma redução das emissões na cidade de 16% até 2016 e de 20% até 2020, todas relativas a 2005.
O secretário diz que não recebeu os números da CSA. "Mas não é um fato que nos pega de surpresa." Ele reconhece que "não há uma medida para resolver" o problema. "Temos as medidas para enfrentar a adequação da cidade às metas que a gente tinha. Estamos reduzindo, não estamos estagnados."
Segundo Muniz, "não vai ser um esforço só da cidade, mas um esforço geral do Estado". "Estamos vendo com o governo como atacar a questão." Em relação ao Estado do Rio, as emissões da CSA no período de um ano, também referentes a 2005, representam aumento de 8,2%.
No texto do Plano de Ação para a Redução de Emissões dos Gases de Efeito Estufa da Cidade do Rio, apresentado em março, Muniz alertara que "há aspectos no horizonte que terão impacto ambiental significativo, como a operação do complexo siderúrgico da zona oeste". "Não devemos temer esses desafios, que gerarão empregos e renda à região mais carente", escreveu.
O Plano de Ação municipal contempla medidas como duplicação da malha de ciclovias, expansão do reflorestamento, instalação do Centro de Tratamento de Resíduos em Seropédica e racionalização dos transportes coletivos, com corredores exclusivos de ônibus (BRTs).
Inventário. A emissões do Rio em 2005 contabilizaram 11,35 milhões de toneladas de CO2, segundo o Inventário de Emissões de GEE da cidade, revisado na atual gestão. Entre 1996 e 2005, houve aumento de 11% das emissões. De acordo com o documento, o setor de energia foi responsável por 64% das emissões no Rio em 2005. Sozinho, o transporte rodoviário foi o subsetor mais emissor (33%), seguido por resíduos sólidos (25%) e indústria (10%).

Empresa diz que está no limite da tecnologia para emitir pouco

Rio

Em um ano, a CSA produziu 3 milhões de toneladas de aço. A empresa diz ter emitido 1,9 tonelada de CO2 para cada tonelada de aço produzida. A produção será aumentada gradativamente até a capacidade plena de 5 milhões de toneladas de aço bruto por ano. A CSA diz que a intensidade de emissão será reduzida a 1,65 tonelada de CO2 por tonelada de aço. Nesse cenário, a emissão anual chegaria a 8,2 milhões de toneladas, aumento de 72% em relação ao total de emissões do município em 2005.
O diretor de Sustentabilidade da CSA, Luiz Cláudio Castro, diz que a margem para mitigar esse problema é pequena. "Não há como produzir aço sem gerar CO2, não existe civilização sem aço e estamos no limite da tecnologia, com a planta mais moderna e o mínimo possível de emissão."
Como contraponto, ele cita a China, onde siderúrgicas emitiriam até 2,3 toneladas de CO2 por tonelada de aço. "Em termos globais, teremos redução de mais de 3 milhões de toneladas de CO2 por ano." O diretor diz que a empresa participa do reflorestamento de 164 hectares no parque da Pedra Branca e pretende trocar o gás natural pelo gás de lixo gerado no aterro sanitário de Seropédica, mas reconhece que o efeito mitigador é pequeno. O caminho, avalia Castro, é mudar o padrão de emissões no setor de transporte rodoviário.
A CSA foi multada duas vezes por lançar material particulado e é acusada pelo Ministério Público de crimes ambientais. A empresa afirma que esse material é "inerte e não inalável".

OESP, 08/11/2011, Vida, p. A22

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