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Sequestro de carbono dará sustentabilidade aos Suruí

Diário da Amazônia - http://migre.me/lOyt
28 de Fev de 2010

O projeto de sequestro de carbono do povo Suruí definiu nesta semana as prioridades para os recursos que serão injetados no fundo do programa. Proteção ao meio ambiente, educação da comunidade e sustentabilidade do povo Paiter Suruí foram os assuntos discutidos pelos parceiros do plano. Em reunião com as associações indígenas Metareilá, Pamair, Garah Pamel, Kanindé e outros grupos, ficou decidido que o Fundo Nacional de Biodiversidade (FunBio) vai gerir o projeto indígena. O encontro ainda vai durar cinco dias para discutir a implementação do fundo para as ações de sustentabilidade dos índios.

Os carbonos dos 400 hectares da Terra Indígena (TI) estão quase todos vendidos. A estimativa é que o investimento das empresas do programa possa gerar cerca de 137 milhões de dólares. Na TI vivem aproximadamente 1.235 indígenas e 27 aldeias espalhados por 248 mil hectares de área. A implantação do fundo pode deter o desmatamento na TI, que estaria com 50% desmatada em 2050 caso não fosse alterado o ritmo de destruição da floresta com a venda de carbono.

Segundo a coordenadora da Associação de Defesa Etno-Ambiental Kanindé, Ivaneide Bandeira, o sequestro de carbono será estendido às redondezas da reserva ambiental. "O programa tem duração de 30 anos, depois desse período já se pensa em reflorestar o entorno da unidade de conservação". Para o líder indígena e criador do projeto, Almir Suruí, o plano deve ser levado ao governo federal como uma alternativa de sustentabilidade. "Queremos mostrar como é possível manter as comunidades de índios e unidades de conservação sem precisar desmatar", afirmou

O Projeto Carbono Surui é o resultado de 10 anos de trabalho da Associação Metareilá do Povo Indígena Surui em parceira com a Kanindé. No ano passado a ação recebeu a parceria do Google Earth, que tornou possível a localização da aldeia no globo terrestre e a divulgação dos costumes dos Suruí. A Google realizou um mapeamento completo da área onde vivem os índios, desde fauna, flora e até os conflitos na região.

O projeto Carbono Suruí tem o objetivo de agregar ao carbono toda a questão cultural, e traz ainda a preocupação com os municípios de entorno, já que a proposta do povo Surui é alem de manter a floresta em pé, gerar renda e emprego para os indígenas e os "brancos" ou seja, os não indígenas que vivem nos municípios de entorno da terra indígena. "Esta proposta é bem interessante, pois eles se propõe a junto com fazendeiros, colonos, pequenos trabalhadores rurais a reflorestar as áreas desmatadas", afirmou Bandeira. Além de gerar emprego, os fazendeiros e colonos terão a oportunidade de cumprir o que diz o Código Florestal que é a recomposição da reserva legal e Áreas de Preservação Permanente. "Com o lançamento do Projeto Carbono Surui se esperar que os investidores além de comprar o carbono tenham real compromisso com o equilibrio do clima", finalizou a coordenadora.

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