VOLTAR

Sem-terra fazem mais um refém em fazenda no Pará

FSP, Brasil, p. A8
25 de Jan de 2005

Sem-terra fazem mais um refém em fazenda no Pará
Duas outras vítimas já foram soltas; Justiça liberta três acusados

Kátia Brasil

Mais um funcionário das fazendas Rio Verde e Pampulha, em Canaã dos Carajás (PA), foi seqüestrado por sem-terra, segundo a Polícia Civil do Pará.
Outros dois funcionários das fazendas foram mantidos reféns durante quatro dias, em acampamento que ocupa terras das duas fazendas, pelos sem-terra ligados à Fetagri (Federação dos Trabalhadores na Agricultura).
Os funcionários Ricardo Carlos Couto e Sebastião Gonçalves da Silva foram libertados no sábado.
Ontem, segundo o delegado Aurélio Paiva, o operador de trator José da Silva Santos foi feito refém e levado para um dos acampamentos dos sem-terra no local. Cerca de 500 famílias vivem nas áreas, invadidas desde 2003.
A juíza Rosa Moreira da Fonseca, da Comarca de Parauapebas (PA), libertou os três sem-terra acusados de seqüestrar e manter em cárcere privado os outros dois funcionários das fazendas.
O coordenador da Fetagri, Francisco de Assis Soledade da Costa, disse que a federação ingressou na Justiça com um pedido de habeas corpus para a libertação dos presos. Eles não participaram da captura, segundo a Fetagri. A polícia afirma que houve flagrante durante as prisões.
O clima é tenso nas fazendas desde a última quarta, quando o proprietário, Célio Carneiro, determinou o desmatamento de um pomar. A CPT (Comissão Pastoral da Terra), que ajudou nas negociações para libertação dos reféns, disse que o desmatamento era para desestabilizar os acampamentos. A Folha procurou o proprietário das fazendas, mas ele não respondeu às ligações.
O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) anunciou que quinta-feira fará uma reunião com representantes da Fetagri, da CPT e da Ouvidoria Agrária Nacional.
Com apenas nove policiais, o delegado da Polícia Civil pediu reforço da Polícia Militar na região para solucionar o conflito.
Ontem, a CPT divulgou que, em Rondon do Pará (PA), um fazendeiro, sem mandado judicial, reuniu funcionários armados e despejou 30 famílias que acampavam na fazenda Agropecuária Rio do Ouro, de 9.000 hectares.
Segundo Batista Gonçalves, essas famílias estão desalojadas na frente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rondon do Pará. Ele disse que o fazendeiro prometeu despejar mais 50 famílias.
A sindicalista Maria Joelma Dias Costa, de acordo com a CPT, está ameaçada de morte. Em 21 de novembro de 2000, o marido dela, o sindicalista José Dutra da Costa, foi assassinado por pistoleiros. A Delegacia Civil de Rondon do Pará disse que apura os supostos despejos dos sem-terra.

FSP, 25/01/2005, Brasil, p. A8

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.