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SC lidera desmatamento da mata atlântica

FSP, Brasil, p. A10
28 de Mai de 2008

SC lidera desmatamento da mata atlântica
De 2005 a 2007, Mafra, Itaiópolis e Santa Cecília, municípios que estão no topo do ranking, destruíram 3.843 hectares
Segundo o órgão ambiental do Estado, a principal causa de devastação é a troca das florestas por pínus, que dá retorno rápido ao produtor

Afra Balazina
Da reportagem local
As três cidades campeãs de desmatamento de mata atlântica entre 2005 e 2007 são de Santa Catarina: Mafra, Itaiópolis e Santa Cecília. Juntas, elas destruíram no período 3.843 hectares -o equivalente a 5.382 campos de futebol.
Os dados são alarmantes tendo em vista que restam no país apenas 7,26% da área original dessa floresta. As informações, divulgadas ontem pela Fundação SOS Mata Atlântica, foram produzidas numa parceria com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Segundo o órgão ambiental do Estado de Santa Catarina, a Fatma, a principal causa da destruição de mata atlântica é a substituição das florestas por pínus, que são vendidos para a indústria de papel. A Fatma diz que mantém um programa de proteção da mata atlântica e informa que haverá concurso para a contratação de mais 142 técnicos -30% deles devem ir para o setor de fiscalização.
Outros municípios da lista de recordistas de desmatamento estão na Bahia (Tremedal e Bom Jesus da Lapa), em Minas Gerais (Ninheira) e no Paraná (Coronel Domingos Soares e Bituruna).
Segundo Flavio Ponzoni, do Inpe, os Estados de Santa Catarina e Minas Gerais -líderes de desmatamento entre 2000 e 2005- ainda têm remanescentes grandes de mata e, por isso, "têm mais para destruir".
A Lei da Mata Atlântica, aprovada em 2006, afirma que a supressão da vegetação primária e secundária do bioma "somente serão autorizados em caráter excepcional, quando necessários à realização de obras, projetos de utilidade pública, pesquisas científicas e práticas preservacionistas".
Márcia Hirota, diretora da SOS Mata Atlântica, afirma que em 20 anos de estudo perdeu-se o equivalente à metade de Alagoas. Ela diz que a situação da mata atlântica é bastante crítica, "especialmente devido à elevada fragmentação florestal". Com as áreas de floresta cada vez menores, as espécies que a habitam também sofrem.

Outro lado
A Prefeitura de Mafra diz que não tem estrutura para fiscalizar o município, com 1.200 km2 de extensão. A secretária de Obras, Telma Faber Rosa, confirma que tem ocorrido retirada de floresta para plantio de pínus -que dá retorno rápido ao produtor e tem valor no mercado. "Mas, recentemente, a Fatma abriu um escritório na cidade. Ela tem um poder maior que o nosso para fiscalizar. A situação vai melhorar."
O secretário de Administração de Santa Cecília, Francisco Inácio Luvisa, ficou surpreso com a inclusão da cidade entre as que mais desmataram. "Nessas andanças, a gente não percebe desmatamento. A prefeitura é parceira da Fatma. Coíbe e denuncia qualquer derrubada de mata." A reportagem não conseguiu resposta da Prefeitura de Itaiópolis.

"Efeito formiga" afeta floresta de São Paulo

Da reportagem local

Nos últimos anos têm sido constantes as notícias de invasão ou construção de empreendimentos em áreas de mata atlântica no litoral norte do Estado de São Paulo, com prejuízo para a vegetação. No entanto, as cidades dessa região não apresentam desmatamento no levantamento feito para o período de 2000 a 2005.
Isso não significa, porém, que não haja nenhuma destruição da floresta em Ubatuba, Ilhabela, Caraguatatuba, São Sebastião e Bertioga.
Segundo Márcia Hirota, da SOS Mata Atlântica, o litoral norte sofre com o chamado "efeito formiga" -a destruição de áreas menores de mata. "Ocorrem desmatamentos de áreas menores do que três hectares, que não conseguimos detectar nas imagens de satélite", diz. Para ela, empreendedores deveriam se conscientizar e utilizar a mata como "atrativo" em vez de destruí-la.
O Estado de São Paulo desmatou 4.670 hectares de mata atlântica entre 2000 e 2005. A fundação avalia que, como restou tão pouco da floresta no Estado, tudo que é destruído é bastante significativo. O Rio de Janeiro foi o que menos desmatou -628 hectares no período.

FSP, 28/05/2008, Brasil, p. A10

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