VOLTAR

São Francisco ganha em março barco de monitoração de rotas

GM, Rede Gazeta do Brasil, p. B14
03 de Fev de 2004

São Francisco ganha em março barco de monitoração de rotas

Está prevista para março a conclusão da construção da embarcação fluvial, equipada com instrumentos de posicionamento por satélite, que permitirá a produção de cartas náuticas digitais com as rotas de navegação mais seguras para o transporte de carga no rio São Francisco. A informação é da Secretaria de Planejamento do Estado da Bahia (Seplan), parceira do projeto com a Fundação de Estudos e Pesquisas Aquáticas (Fundespa). A iniciativa integra o plano-piloto de revitalização do Vale do São Francisco no trecho de 610 quilômetros entre Ibotirama e Juazeiro, dentro do programa de desenvolvimento da região.

"Esta embarcação será operada pela Fundespa e vai estabelecer a rota mais adequada aos barcos e suas cargas ao indicar áreas de maior calado e evitar bancos de areia, viabilizando uma navegação mais rápida e com menor custo", explica o secretário do Planejamento, Armando Avena. "É o primeiro passo para a viabilização da hidrovia do São Francisco." Ele diz ainda que a operação deverá ser iniciada logo após o período das águas na microrregião.

Avena explica que o barco é na verdade um catamarã-laboratório, semelhante ao que atua na bacia do Tietê-Paraná (SP) e na hidrovia do rio Madeira (AM), dotado de tecnologia aplicada internacional de localização por satélite (GPS). A embarcação está sendo feita em aço e terá 15 metros de comprimento e 6 metros de largura, com capacidade para até dez pessoas, entre técnicos e tripulantes.

Na fase seguinte, está previsto que a população ribeirinha receberá treinamento para participar do processo de monitoramento do rio. As cartas náuticas permitirão que a navegação no São Francisco possa ser feita 24 horas por dia. Hoje, a navegabilidade está limitada ao período diurno, pois a orientação é feita visualmente. A expectativa é que o recurso permita o aumento do uso do trecho em escala comercial. Atualmente, só a Caramuru Alimentos o faz, transportando soja de Muquém a Petrolina.

Queda dos custos

Estas mudanças, acredita o secretário, devem proporcionar melhoria na logística e queda de custo para os produtores. Citando dados da Secretaria da Agricultura, que registram recorde na safra baiana de grãos em 2003, com 3,8 milhões de toneladas, ele toma a soja como exemplo. Produto quase totalmente destinado à exportação, com 1,55 milhão de toneladas colhidas no ano, teve o transporte feito quase integralmente de caminhão até o porto de Ilhéus, que está próximo da capacidade limite.

"O plano-piloto de revitalização do Vale do São Francisco e a melhoria das condições de navegabilidade do rio, aliada à inauguração do terminal de grãos do Moinho Dias Branco, na Baía de Aratu, prevista para setembro, tornarão possível a adoção de um sistema de transportes intermodal", avalia o assessor especial da Seplan para o Desenvolvimento do Rio São Francisco, Alberto Valença.

Ele aponta o escoamento da produção de grãos da região oeste até Muquém por rodovia, daí pela hidrovia até Juazeiro, de onde a carga seguiria por ferrovia até Aratu, com destino ao terminal portuário do Dias Branco. Valença explica que, além de monitorar as condições de navegabilidade do rio, a embarcação também vai identificar pontos críticos como pedrais e bancos de areia que poderão ser removidos por intervenções como derrocamentos (retirada de pedras) e dragagens, melhorando as condições gerais do São Francisco.

As ações incluem melhorias no calado do rio no trecho Sobradinho-Juazeiro, para cuja execução estão previstos R$ 8 milhões no orçamento do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Denit) deste ano, e assinatura de protocolo de intenções entre governo da Bahia, órgãos federais, empresas e organizações empresariais, que devem assumir o compromisso de viabilizar a navegação no São Francisco.

O trabalho da Fundespa abrange também melhorias no rio Grande, no trecho de Barreiras a Barra, no oeste do estado e no rio Corrente, de Santa Maria da Vitória até a foz, na microrregião sul. Avena acredita que o monitoramento da movimentação fluvial vai resultar na organização de uma série de registros que mostrará as variações ocorridas no rio, no decorrer das quatro estações. O lançamento da embarcação se dará com a presença do governador Paulo Souto no município de Barra.

GM, 03/02/2004, Rede Gazeta do Brasil, p. B14

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.