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Saneamento Brasil

FSP, Cotidiano, p. C8
20 de Out de 2011

Saneamento Brasil
Desvio de água por causa de vazamentos ou "gatos" é maior que 50% em 210 cidades; problema afeta até regiões que costumam sofrer com seca, como o semiárido do Nordeste

Do Rio
De São Paulo

Em 210 cidades brasileiras, vazamentos ou "gatos" (ligações clandestinas) fazem com que as operadoras percam no trajeto até o consumidor mais da metade da água captada para distribuição -grande parte dela tratada. Nesses municípios vivem 19 milhões de pessoas, ou 10% da população.
A lista contém sete capitais -Boa Vista, Campo Grande, Maceió, Manaus, Porto Velho, Recife e Rio Branco -, além de cidades médias ou grandes, caso de Guarulhos (SP), Jaboatão dos Guararapes (PE), Feira de Santana (BA) e Belford Roxo (RJ). A informação foi divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A perda de água é calculada pela diferença entre o volume que é captado para distribuição e o consumo final registrado pelas operadoras.
Considerando apenas cidades com mais de 100 mil habitantes, seis em cada dez têm perdas entre 20% e 50% do disponibilizado. O instituto avalia, no entanto, que o desperdício deve ser ainda maior do que o divulgado, pois nem todas as empresas têm informações precisas sobre perdas por furto ou vazamentos, em geral causados por má manutenção de redes obsoletas.
Por isso, não é possível saber o quanto que se perde, isoladamente, por escapamentos na rede ou por ligações clandestinas. Também não entra na conta do IBGE o quanto é desperdiçado pelos consumidores nos domicílios.
A ineficiência no aproveitamento da água disponível afeta até regiões que costumam sofrer com secas. No Nordeste, há 94 municípios que perdem mais da metade da água -56 no semiárido.
Ao mesmo tempo em que o país convive, de um lado, com altas perdas do que é captado, por outro, 23% das cidades declaram conviver com racionamento -em 41% delas, de forma constante em qualquer época do ano.
Também no Nordeste está a maioria dos municípios sem rede geral de distribuição de água. No total, a região concentra 21 das 33 cidades brasileiras que não dispõem desse serviço, que já chega a 99,41% dos municípios.

(ANTÔNIO GOIS, DENISE MENCHEN e MARCELO SOARES)

Agrotóxico é a segunda fonte de contaminação

Do Rio

Os resíduos de agrotóxicos são a segunda principal fonte de contaminação da água captada para distribuição para a população, atrás apenas do esgoto, mas à frente do lixo comum e dos rejeitos industriais.
Dentre os municípios que fazem captação em mananciais superficiais, como rios e córregos, 6,24% registram contaminação por agrotóxico, contra 8,47% que têm contaminação por esgoto, segundo o IBGE. Mesmo nos poços profundos, menos expostos à poluição, foram achados resquícios dos defensivos agrícolas em 0,58% dos municípios. O número é bastante próximo do de casos de contaminação por esgoto, de 0,61%.
Desde 2008, o Brasil é o principal consumidor mundial de agrotóxico.

FSP, 20/10/2011, Cotidiano, p. C8

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2010201116.htm
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2010201117.htm

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